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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Há algum tempo aqui deixei resmungo sobre o plágio na academia, coisa brotada da minha vida profissional, tendo ainda deixado ligação para um interessante texto/debate sobre o assunto Plagiarism is not a big moral deal, de Stephen Fish. É uma praga, a qual aqui detectamos principalmente no contexto do ensino pós-laboral, gente muito mal preparada, usualmente pouco abonada, trabalhadores-estudantes (e não o inverso) sem tempo para estudo, e em busca (como de pão para a boca) de uma certificação que lhes permita alguma ascensão socio-profissional na sociedade moçambicana. Às vezes, em particular quando mais cansado, o contexto "neo-realista" no qual decorre a "coisa" faz condoer o mais empedernido dos professores.
Ao encontrar no Da Literatura a história do barão Karl-Theodor zu Guttenberg, o demissionário ministro da Defesa da Alemanha e dirigente do CSU, o partido social-cristão alemão, agora caído em desgraça política (e pessoal?) por ter sido denunciado que plagiou na sua tese de doutoramento na universidade de Bayreuth (os manes prussianos devem estar em alvoroço) não posso deixar de convocar as radicais diferenças de contexto. Um comparativismo. Para mais reforçar a inadmissibilidade da cena: no barão de Bayreuth tal como no pobre escriturário da Mondlane. Pois é a única forma de os tomarmos como iguais. Na danada irresponsabilidade. Ou seja, na responsabilidade devida. Condição humana, por assim dizer, sem apuramentos antropológicos ou filosóficos.
jpt