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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Depois do anúncio feito PM sobre a demissão do seu (des)Governo, - e consequente entrada do país neste caos agónico, do ponto de vista político, económico, financeiro e social, do qual já vinha em passo acelerado desde pelo menos os últimos dois anos, mas que nas últimas duas semanas se acentuou -, a anunciação hoje ao país pelo PR da aceitação da demissão do PM, e a marcação de eleições antecipadas, e sobretudo o seu discurso de regime, deixou-me, confesso, perfeitamente desmoralizado. Dizia o PR da imperiosa necessidade, de consensos alargados, de uma maioria estável, de entendimentos entre as forças parlamentares (não foram estas as palavras, mas não me apetece voltar a ler o discurso). Claro que, por forças parlamentares deve-se ler, no discurso presidencial, PS-PSD-CDS/PP. Coisa aliás, que já muitos políticos e analistas, situacionistas, têm vindo a defender nos últimos dias. E a minha desmoralização vai neste sentido: e o que fazer, quando esta situação foi provocada pelos interesses destes mesmos partidos. Não falo apenas da corrupta Regeneração que desgovernou o país nestes últimos 30 anos, entre PS e PSD, da qual aliás também o próprio PR participou, que atirou o país para sucessivos modelos de desenvolvimento, ora anacrónicos, ora megalómanos, sempre corruptos e fundados em compadrios e caciquismos. Nisto também o próprio PCP, em tempos baluarte do poder autárquico, se foi paulatinamente enredando. Desgoverno esse, a bem dizer, que contou sempre com o beneplácito de uma parte substantiva dos portugueses, ansiosos por serem proprietários de apartamentos de subúrbio, automóveis novos, férias no Brasil, fins-de-semana no Algarve, e Domingos nos “Colombos” (que desde a entrada na CEE foram polulando país fora, sempre com o epíteto orgulhoso de “o maior CC da Europa”), ou por um emprego bem remunerado e com estatuto, por via do primo, do tio, ou do partido.Falo mesmo é desta última crise, que tanto interessou a um (des)Governo-PS em falência, de estratégias, de ideias e de moral; como a um PSD ansioso por poder e prebendas. O primeiro atirou a cenoura, provocatoriamente, e o segundo agarrou-a desvairadamente. É claro que o país, mesmo assim, ainda não bateu no fundo, ainda vem por aí mais e piores ventos. O que me desmoraliza é que as alternativas para uma boa tripulagem da nau não existem, ou por outra, existem mas, comprovadamente, já demonstraram ao que valem, isto é, nada. As forças parlamentares que temos estão encanudadas em interesses pessoais e privados e meneios umbicalistas, ou em desvarios ideológicos absolutamente anacrónicos. Assim sendo, e à pergunta inicial “e agora o que fazer?”, restava-me uma esperança na populaça nacional, e na sua vontade de criar uma nova ordem nacional, uma nova República. Mas, pelo que me apercebi da última manifestação da populaça, estamos mais virados para o folclore.
FF