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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Lisboa, 2011 como nos anos anteriores. Por todo o lado este lixo visual. A própria Câmara o utiliza para legitimar as suas práticas - o "ajardinar" dos prédios em ruínas na zona da Fontes Pereira de Melo (utilizando artistas internacionais, ali pelo menos desde Julho de 2010) sendo uma estratégia, "artística", para legitimar a especulação imobiliária numa zona nobre da cidade [a qual significa, num contexto intra-artístico, uma institucionalização do que foi uma recusa disso, donde uma cena falsária] tem também como efeito a legitimação/indução das "intervenções" "populares" do mesmo tipo que cruzam a cidade.
Repito, por todo o lado este lixo visual, tanto que me parece que os habitantes já nem notam, e até se espantam com o desagrado do visitante, ainda que "dono da terra". Os inintelectuais chamam-lhe arte, e falam de "apropriação". Sim, concordo, é uma "apropriação". A ser combatida. Não com coimas mas sim com trabalho comunitário (modo actual dos antigos trabalhos forçados). E com privação dos serviços estatais.
Ao meu primeiro dia de Lisboa guio da Av. da Liberdade à Praça da Alegria e daí ao Príncipe Real. Entre ruínas e estas merdas de grafitos a Carolina, 8 anos, há quase um ano sem vir a uma Lisboa que pouco conhece e algo imagina, lá do banco traseiro, enojada e tristemente supreendida diz-me "pai, afinal Lisboa é pior do que Maputo?!!!".
Os pais dela, amantes da sua cidade e também dela saudosos, resmungam isto do subúrbio ter conquistado a cidade. Melhor dizendo, a cidade está um subúrbio. Ou mais ainda, desta gente toda ser uma tropa de suburbanos.
jpt