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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Finais do milénio passado, de Portugal preparava-se uma visita de Estado a Moçambique. Coisa muito em grande, então. Toda a tensão, tamanho o desafio, logístico e político. Da comitiva, vastíssima, faria parte uma delegação cultural. Para integrar um espectáculo de gala, aqui oferecido pela Presidência moçambicana (é do protocolo) e também para organizar concerto em Maputo. Alguns nomes eram falados. À roda da mesa convocaram a minha opinião, e competia-me dizê-la. Que A ou B estaria bem, que C ou D seria descabido. Mas que E seria mais do que adequado. Ali de Lisboa vindo, cortante, ríspido, o todo-poderoso diplomata insurgiu-se, em esgar de desprezo,"Esse?!! Um fadista?! Ainda para mais monárquico, reaccionário!" e alguém (amigo) logo junta, em sorriso, aligeirando o tom, a querer tirar-me do cepo, "é só porque é sportinguista ...". Ainda ripostei, coração na boca, "nisso só vejo qualidades" mas guardei a injúria devida, ficou-nos apenas nos olhares enfrentados.
Claro que o fadista não veio. Não houve desgarrada.
Também por causa destas coisas, desoiradas, é bom "ir lá fora" (à UNESCO) ganhar prestígio.
jpt