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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Abaixo já discuti a polémica sobre o apelo à emigração dos professores portugueses que Pedro Passos Coelho teria feito. Os co-bloguistas MVF e FF discordam da minha interpretação, o que me fez voltar ao assunto. E deveria chegar, que não tenho como agenda defender o governo. Do que neste creio escrevi-o aqui. Repugna-me um governo que integra um Daniel Campelo, corruptor do sistema político.
Mas em relação a esta polémica face a uma entrevista é diverso, choca-me pois mostra o estado catastrófico do debate em Portugal num momento de crise destes: tresleituras, aldrabices, gritaria. Ruído puro. E muita desonestidade, manipulando para objectivos próprios o que se vai passando.
Nada surpreendentemente a falsificação da entrevista de Passos Coelho é também feita por Marcelo Rebelo de Sousa: "Os portugueses querem ter um primeiro-ministro que diga: eu vou governar de tal maneira que não será preciso emigrar para o estrangeiro (...) E não um primeiro-ministro que diga: emigrem para o estrangeiro. Ele não quis dizer isso, mas não lhe saiu bem". MRS lê muito, diz-se, não é um iliterado. Se entendeu a entrevista deste modo é porque o quis assim, é uma interpretação que nele só pode ter brotado de uma decisão consciente. Estratégica, a piscar o olho à "vox populi" exarcebada pelas dificuldades.
Já há meses aqui o disse: passámos a última década a ser pessimamente governados por políticos-comentadores políticos. Que usaram o seu "televisismo" como capital eleitoral, produtor de nossa "intimidade" com eles. Marcelo Rebelo de Sousa mostra aqui o caminho demagógico que escolhe para a sua campanha. Aí está, o homem da "vichyssoise", da pequena política, da intriga, da malevolência, tudo aquilo que o país nunca precisou mas muito menos precisa agora, mergulhado na crise. Quando urge acolher nova gente, outros protagonistas, outras políticas.
Mas Marcelo insiste, espaldado na tv dá-se ao exercício da pura demagogia, da desonestidade liminar. Que eu desejaria lapidar. Mas disso muito duvido. Pois as audiências da tv rejubilam: "o professor Marcelo" acaba de mergulhar no Tejo.
Nota: cartaz da campanha eleitoral para a presidência da câmara de Lisboa obtido aqui.
jpt