ma-schamba

O Instituto Camões renova a proposta. O ano passado apresentara uma individual de fotografia de Clara Ramalhão e ontem inaugurou uma segunda, "Moçambique. Um Reencontro II". Fotógrafa amadora, médica de profissão, julgo que oriunda (ou crescida) aqui. E agora, através de contactos profissionais, atravessando o país e fotografando. Ao que me dizem a fotógrafa é uma apaixonada, pela fotografia e pelo país, e uma senhora de uma simpatia desarmante. Nota-se nas fotografias: os meninos africanos ("Alma de Anjo", o título da fotografia acima, já surgia na anterior exposição), as cabaças coloridas e as capulanas, as mulheres com m'siro (como evitá-las?), as velhas enrugadas ("Mulher honrada", claro), as belas praias, de luxuriante vegetação, intocadas (ainda que todas aquelas árvores sejam plantadas, e flora exógena, mas isso é melhor não dizer para não se estragar os postais).

Mau-feitio, o meu? Talvez, até porque há um genuíno encantamento atrás da lente que fotografa. Mas isto não passa do estereótipo, desajustado, o postal ilustrado superficial. Tem lugar? Tem, claro. Mas aqui? Ou melhor, ali? No instituto cultural português? Já houve uma anterior, no meio já houve outras exposições fotográficas com o mesmo perfil, a seguir virá outra de certeza (é barato, é só pendurar as fotos de quem aparece a querer pendurá-las, e servir uns tabuleiros de castanha de caju e uns vinhos, enfim, pouco bem-conservados). Não é preciso muito para fazer mais. Basta pensar.

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