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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Não sou fã do Rock in Rio. Na verdade não sou nada fã. Pois não percebo como é que: a) eles têm direitos sobre aquele espaço magnifico, onde se podiam realizar outros concertos; b) com tanto dinheiro trazem quase sempre “glórias do passado”. O que seria um concerto ali dos Pearl Jam? Por mim alucinava, mas nickles, tenho que me contentar com as outras 3 vezes que os vi em Lisboa. Também não sou fã do Boss, nem dos James. Aparte uma mão cheia de músicas, por sinal dos albúns mais antigos, não me via a dar 60 aéreos para a função. Fui para acompanhar um amigo grego, o Yorgos, e sua namorada Dione, que se deslocaram cá para ver o Boss, e que eu já não o via desde o ano que estivemos juntos no Ruanda (não digo quando, para quem não me conhecer não pensar que sou kota). Ia com aquela vaga sensação de que ficaria afastadinho do palco, e perto dos locais mais estratégicos: barraca da cerveja e casas-de-banho. Só enganos puros. A começar por me terem arrastado para escassos metros do palco. Boa ideia, digo-o agora. A ideia de beber cerveja esvaneceu-se face à distância a percorrer, e às dificuldades a vencer para chegar ao segundo lugar estratégico. Mas se se desvaneceu a ideia, o corpinho não percebeu a coisa, e lá foram várias bjekas. Segundo engano: os James. Fiquei siderado com as acrobacias do senhor. Consegue mesmo fazer aquilo ao corpo ao vivo, não é só nos clipes. E eu sempre à espera que a cabeça dele saltasse do tronco, mas não. Brutal. Com as últimas músicas e a boca ao coelhinho, acabaram eles em beleza e eu já em extâse, heineikamente. A parte dos X&P não vi, pizza e cerveja, em simultâneo, e toiletes depois. E eis-me no terceiro e mais querido dos enganos: the Boss. Duas horas e meia de deleite, já não me atrevi a beber mais porque dali perto do palco não ia sair nem à força. Gostei, gostei, gostei. Tanto que até cantei, mais ou menos, porque a voz a tal aspiração não me permite. Memorável. Mais não escrevo, porque as palavras leva-as o vento e como disse o senhor, há coisas que ficam para sempre.
O que tem isto a ver com a Selecção? Não sou nada fã destes nacionalismos bacocos lusos pré-competições. Somos os melhores, temos o melhor jogador do mundo, seguramente vamos disputar a final, podemos mesmo sonhar e trazer a taça. É o mesmo em cada ciclo bi-anual, pelo menos nos últimos dez anos. Raras são as vozes discordantes, quais “velhos do restelo”. Manuel José pelo menos não teve problemas em acertar no muge: circo, palhaçada, e mimos (esta digo eu). Depois vem a depressão nacional. Quase sempre.
O que tem então a ver a Selecção com o Boss? Apenas isto, façam como ele. Trabalho, humildade, profissionalismo, um prazer enorme no que faz (e não há-de ser por falta de dinheiro que o senhor faz isto, e como o faz, aos 62 anos de idade), e muito, muitissimo, respeito porque quem é fã dele, e por quem não é. Eles deu tudo o que tinha, para todos. Aos 62 anos, e mesmo agora, gostava de ser como tu, Bruce. E já agora ter a mesma conta bancária.
FF