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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Ao longo dos anos um tipo vai vendo o PS e achando que aquilo vai de mal a pior, e surpreende-se que possa ainda descer mais. Hoje, ao ler as notícias sobre a aprovação do novo Estatuto do Aluno, lembrei-me deste fabuloso cartoon de Zapiro, o genial desenhador sul-africano, e que serve de ilustração para os fungos mentais que as juventudes socialistas nos têm oferecido nas últimas décadas, que me lembre pelo menos desde aquele rapaz do "marketing", perdão, das "causas fracturantes", Sousa Mendes.
Contestando este novo documento surgiu o deputado Pedro Delgado Alves, anunciado como líder da JS. E botou esta "pérola": «O novo Estatuto do Aluno não percebe a visão integradora da escola pública», afirmou, e salienta «a defesa dos valores nacionais». «Mas eu não sei o que são valores nacionais. Sei o que são valores universais, como a liberdade, a igualdade e a fraternidade». A questão nem sequer é política, é apenas higiénica, o facto de haver imbecis, com uma tal ignorância, que os partidos (e neste caso, em particular, o seu antecessor António José Seguro) têm o atrevimento de nos colocar no cardápio. Há imbecis destes nos outros partidos? Porventura. Mas isso não menoriza em nada o asco que se sente diante deste "grau zero". E também para com os outros, os que o rodeiam. E que, não sendo estas larvas, com elas aceitam ombrear.
Esta é uma tirada patrioteira? Nada disso. Até poderia ser apenas de um pai de uma miúda que a semana passada estava a estudar (e a lembrar-me) do Conde de Andeiro, de João das Regras, de Gil Eanes no Cabo Bojador, e coisas similares. Aos dez anos, a apreender factos históricos, na sua subjectividade disfarçada de objectividade, e a perceber que está a receber símbolos e valores. Com uma perspicácia e capacidade intelectual bem superior à deste atrevido imbecilóide. Que o PS, António José Seguro e aqueles que o seguem, entendem poder servir para algo. Convém guardar o nome, Pedro Delgado Alves, pois estou certo que daqui a anos, décadas até, continuaremos a vê-lo e ouvi-lo, na Assembleia, num qualquer governo, nas tvs, nas empresas públicas. Apesar de ser óbvio que este homem é um insulto. Às mentes alheias. A todos nós.
A este propósito lembro-me que há alguns anos aqui deixei um feixe de citações de George Orwell sobre estas coisas dos "valores nacionais", textos do tempo da 2ª guerra, e dela colhendo alguns efeitos. Mas que mesmo assim, algo datados, mostram bem a diferença entre quem pensa e este energúmeno, entre quem pensa e a escória, de aldrabões feita, que o escolhe para "ser algo".
“Patriotism has nothing to do with conservatism. It is devotion to something that is changing but is felt to be mystically the same…” (My country left or right, p. 6). “By “patriotism” I mean devotion to a particular place and a particular way of life, which one believes to be the best in the world but has no wish to force upon other people. Patriotism is of its nature defensive, both military and culturally. Nationalism, on the other hand, is inseparable from the desire of power.”
“By nationalism I mean first of all the habit of assuming that human beings can be classified like insects and that whole blocks of millions or tens of millions of people can be confidently labelled “good” or “bad”. But secondly – and this is much more important – I mean the habit of identifying oneself with a single nation or other unit, placing it beyond good and evil and recognizing no other duty than of advancing its interests. Nationalism is not to be confused with patriotism.…” (Notes on nationalism, pp. 8-9).
E, infelizmente, nas querelas dos dias continua a haver gente que o é aderindo ao habit of identifying oneself with a single nation or other unit, placing it beyond good and evil and recognizing no other duty than of advancing its interests. São aqueles que, apesar de tudo, aceitam ser representados por estes delgados alves. São ainda piores do que esta nulidade atrevida.
jpt