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O curandeiro

por jpt, em 06.09.12
[caption id="attachment_35365" align="aligncenter" width="480"] Campo dos Mártires da Pátria, Lisboa, monumento do curandeiro[/caption]

A insónia, à qual se segue aquele sono de alvorada, aquele leve, leve, o sono dos sonhos vivos, lembrados, os que arranham a pele, riscam o vidro. Por isso, decerto, acordo como se ele ainda estivesse aqui, num "tenho que lhe telefonar". E depois, logo depois, entre o pé no chão e o içar este coiro até à vida, sai-me um quase-imediato "foda-se", o perceber que estava a sonhar. A interromper-me, fugir do até ao chuveiro, desviar-me lá para fora, o já raro cigarro em jejum, forma de remoer. E lembro-me desta telefoto, o pouco que me ficou daquela semana de Janeiro em que ele foi morrer ali ao lado, nos Capuchos. Lembro-me de todos os dias passar pela estátua do curandeiro, por aquelas placas de mármore todas, pagamentos de curas, coisas da medicina tradicional, e tanto me sentir em Maputo. Apesar do frio, da chuva e do meu pai ali a morrer. Já sem tempo para ironizar sobre aquilo tudo. Para ironizarmos, juntos, eu a aprender.

jpt

publicado às 00:34


2 comentários

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De beijo de mulata a 06.09.2012 às 01:41

Este monumento, com o Dr. Sousa Martins de costas para a Faculdade de Ciências Médicas e no Campo dos Mártires da Pátria é ironia pura! Eu estudei ali, cantei "Avé, Avé, Avé, ó Sousa!" até ficar rouca na minha noite de caloira, acendi-lhe uma velinha quando a minha tutora foi operada, li mil vezes as placas enquanto esperava que o meu namorado me fosse buscar àquele ponto de encontro e intriguei-me outras tantas vezes como era possível um fenómeno deste calibre... Obrigada por falar dele!

(um) beijo de mulata
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De jpt a 07.09.2012 às 04:04

concordo com isso de que o estuporado uso popular do monumento caminha para a ironia ..., se é que não descamba no sarcasmo

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