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por jpt, em 06.09.04
Des-sacralizar o real. Des-naturalizar o real. Em tempos isso foi um projecto.

Imaginar esse real foi importante. Imaginar, dar imagem.

Quando se nega a SIDA, ainda para mais doença tão pouco atreita a abordagens moralistas, que fazer? Mostrar os efeitos, mesmo chocando os valores ocidentais de esconder doença e morte, coisas ditas "privadas"?

[Ainda há dois anos Maputo acolheu uma terrível exposição fotográfica sul-africana nesse sentido]

Quando se combate a destruição da floresta virgem e da fauna nela acolhida, que fazer? Mostrar, mostrar, mostrar [e quanto falta mostrar para evitar o fim total].

Quando se combate uma guerra dar imagem ao sofrimento. Ainda que isso, por vezes, olvide as razões . Ou que as desenterre.

Se se fala da selvática caça às focas, aos golfinhos, às baleias, que mais vale do que mostrar as imagens?

Se temos uma vaga de desempregados ou refugiados, não há que mostrar as imagens?

Se queremos falar de direitos de animais não será de mostrar aviários e matadouros?

A imagem, a fotográfica, em movimento, o Goya e o Picasso, sempre vista como um instrumento legítimo de causas. Sejam quais forem, mesmo que não concordemos com elas. Ou que procuremos discutir a sua pertinência.

E sempre criticando os que as querem esconder, aqueles que as dizem "demagógicas" porque não apelam à reflexão, porque imediatas. Claro que imediatas, aparentemente não mediatizadas por um discurso (aparentemente, que a imagem é discurso, claro).

Súbito do mesmo molde sociológico, sempre imagi-nativo, uma mole de discursos contra a utilização de imagens. Porque demagógicas, porque a imagem não leva à reflexão, etc.

Estou, claro, a falar de quem acha negativo, demagógico, mostrar a imagem de fetos abortados.

Mas que amanhã estarão de acordo com as outras imagens.

Que concluir?

publicado às 10:19



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