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13.1

por jpt, em 06.09.04
Sobre esta crença, a de que resume a questão do aborto a um assunto das mulheres e do seu corpo, a uma responsabilidade e direito individual.

Quero aqui citar um grande professor meu, que quase certo não concordará comigo neste aspecto e que se souber que o cito a este respeito há-de pensar que me estou a apropriar das suas ideias e a perverter o seu sentido. Ainda por cima porque cito (o que é traição pior do que traduzir, pois soma o cortar ao descontextualizar e ao enxertar). Além disso o que abaixo transcrevo não foi escrito, nem de perto nem de longe, sobre esta matéria.

Com estas (respeitosas) ressalvas aqui deixo este trecho:

"Torna-se necessário relembrar a necessidade de um distanciamento crítico por relação à ideologia individualista que caracteriza a modernidade ocidental. Um dos seus processos centrais é a naturalização da identidade pessoal através de uma atribuição de maior verdade à pessoa física do que aos laços sociais. Erigiu-se todo um edifício médico-legal cuja principal finalidade é radicar os laços sociais em laços ditos "biológicos", considerados mais verdadeiros (por serem "naturais" e, portanto, por um lado, não arbitrários e, por outro, supostamente comprováveis por meios científicos).

(...)

Com esta naturalização da pessoa física combina-se uma concepção dos fenómenos culturais como essencialmente radicados na consciência e emoções individuais.
"

(João de Pina Cabral, O Homem e a Família, Lx, ICS, 2003, 154-155)

publicado às 10:22



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