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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
"Todos descobrem, mais tarde ou mais cedo na vida, que a felicidade perfeita não é realizável, mas poucos se detêm a pensar na consideração oposta: que também uma infelicidade perfeita é, igualmente, não realizável.
Os momentos que se opõem à realização de ambos os estados-limites sao da mesma natureza: derivam da nossa condição humana, que é inimiga de tudo o que é infinito. Opõe-se-lhe o nosso sempre insuficiente conhecimento do futuro; e a isto se chama, num caso esperança; no outro, incerteza do amanhã. Opõe-se-lhe a certeza da morte, que impõe um limite a qualquer alegria, mas também a qualquer dor. Opõem-se-lhe as inevitáveis preocupações materiais, que assim como poluem qualquer felicidade duradora, também distraem assiduamente a nossa atenção da desgraça que paira sobre nós. Opõem-se-lhe as inevitáveis preocupações materiais que, assim que poluem qualquer felicidade duradoura, também distraem assiduamente a nossa atenção da desgraça que paira sobre nós, e tomam fragmentária e, por isso mesmo, suportável, a consciência dela."
Primo Levi, Se Isto é Um Homem (Teorema, 2001 [1958], tradução de Simonetta Cabrita Neto)