Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




 

Chamo-me pássaro Pablo,

ave de uma pena só,
voador na escuridão clara
e claridade confusa,
minhas asas não são vistas,
os ouvidos me retumbam
quando passo entre as árvores
ou por debaixo das tumbas
qual funesto guarda-chuva
ou como espada desnuda,
estirado como um arco
ou redondo como uma uva,
voo e voo sem saber,
ferido na noite escura,
aqueles que vão me esperar,
os que não querem meu canto,
os que me querem ver morto,
os que não sabem que chego
e não virão para vencer-me,
a sangrar-me, a retorcer-me
ou beijar minha roupa rota
pelo sibilante vento.
Por isso eu volto e vou,
voo mas não voo, mas canto:
pássaro furioso sou
da tempestade tranquila.
 

Pablo Neruda - O Pássaro Eu

AL (ao P por um ano de vida)

publicado às 06:33
modificado por jpt a 7/9/13 às 14:23


2 comentários

Sem imagem de perfil

De sara monteiro a 03.03.2013 às 21:12

uau! que curtição!!!!! :)
Imagem de perfil

De AL a 05.03.2013 às 05:00

:)

comentar postal



Bloguistas







Tags

Todos os Assuntos