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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
(Zeus)
Dado que à minha filha foi comandado que lesse o "Ulisses" de Maria Alberta Menéres (e eu continuo com muitas dúvidas sobre se estas "adaptações" para infantes não serão prejudiciais) pus-me a reler a "Odisseia". Para logo ao abri-la poder partilhar (por cima da "adaptação") isto, que está no âmago de tudo o que entre nós anda, e que deveria estar na mente de todos, e ainda mais nas dos tais "infanto-juvenis":
"Mas para longe se afastara Posídon, para junto dos Etíopes,
desse Etíopes divididos, mais remotos dentre os homens;
uns encontram-se onde nasce, outros onde se pôs o Sol.
Para lá se afastara Posídon, para deles receber
uma hecatombe de carneiros e touros;
e aí se deleitou no festim. Quanto aos outros deuses,
no palácio de Zeus Olímpio se encontravam reunidos.
E o primeiro a falar o pai dos homens e dos deuses [Zeus],
Pois ao coração lhe vinha a memória do irrepreensível Egisto,
a quem assassinara Orestes, filho de Agamémmnon.
A pensar nele se dirigiu assim aos outros imortais:
"Vede bem como os mortais acusam os deuses!
De nós (dizem) provêm as desgraças, quando são eles,
pela sua loucura, que sofrem mais do que deviam!
Como agora Egisto, além do que lhe era permitido,
do Atrida desposou a mulher, matando Agamémnon
à sua chegada, sabendo bem da íngreme desgraça -
pois lha tínhamos predito ao mandarmos
Hermes, o vigilante Matador de Argos:
que não matasse Agamémnon nem lhe tirasse a esposa,
pois pela mão de Orestes chegaria a vingança do Atrida,
quando atingisse a idade adulta e saudades da terra sentisse.
Assim lhe falou Hermes, mas seus bons conselhos o espírito
de Egisto não convenceram. Agora pagou tudo de uma vez."