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Masterchef (USA)

por jpt, em 29.05.13

 

O nosso pacote tvcabo inclui 5 canais portugueses. Não é resmunguice minha mas são pobres. Não tanto (ou só) em conteúdo mas em estilo. Decerto que por causa dos custos a televisão portuguesa radializou-se, abundam os programas de conversa. Ou seja, basta um cenário mais ou menos pobre por detrás de uns convidados, cíclicos ou residentes, que vão falando. Seja no velho modelo dominical "Júlio Isidro", que reina nas manhãs mas não só (numa das quais vi há tempos a minha co-bloguista no Delito de Opinião Helena Sacadura Cabral ladeando o grande Mário Zambujal, e nisso suspendi a minha malevolência menosprezadora). Ou na mera conversa de painel, versão sisuda de cariz denunciatório (Medina Carreira, Rui Santos, etc.) muito apropriada ao estado de espírito popular, ou versão engraçadista, exemplo da qual vi há dias o falado "Governo Sombra", pungente programa com Araújo Pereira e Pedro Mexia, onde os tipos mandam umas bocas saídas do "achismo" e se riem das piadas próprias, falha primeva de qualquer humorista ou a isso candidato. Enfim, no meio disto ao longo dos anos fui deixando de ver tv portuguesa, até porque nem sou grande consumidor dos produtos tv. Se calhar até perdendo algum programa interessante.

 

Mas de quando em vez encanto-me na televisão. Aconteceu-me há algum tempo com Boston Legal, então repetido e que não conhecera antes. E agora, por razões bem diversas, ando a seguir o Masterchef (USA), porventura também uma repetição no canal Fox. E sigo-o tão afincadamente que até a mim me surpreendo. Não sou um bom garfo, contrariamente ao que a minha barriga filha do sofá e das teclas (e de alguma cerveja) anunciará. E na cozinha nada percebo nem faço, para além de ocasionais ovos mexidos e uma ou outra lata de atum a misturar com Hellmann's. O que me prende ao Masterchef é outra coisa. É mesmo acompanhar como de um assunto aparentemente nada visual, isso de juntar uns tipos diante de uns fogões e fazê-los cozinhar algo que nunca comeremos (nem cheiraremos), e como tal nada atractivo para TV, se faz um trepidante e entusiasmante programa, cheio de expectativa, ritmo, suspense, humor e emoção. Tudo saborosíssimo, de fazer crescer água na boca.

 

Será uma produção muito cara? Aparentemente nem tanto, pelo menos em termos comparativos com tantas outras. E é com toda a certeza uma prova que há imensos, e até inesperados, assuntos sobre os quais se pode telefazer. Precisando-se de alguma imaginação. E, acima de tudo, de técnica narrativa. A qual parece mesmo ser o grande défice na tv portuguesa. Isso do não saber como ...

publicado às 09:01


4 comentários

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De Zélia Parreira a 29.05.2013 às 10:27

Também sou seguidora :) mas ainda prefiro a versão australiana, que em Portugal passa na Sic Mulher. Este formato USA já foi adaptado em Portugal pela RTP 1, mas não tinha piada nenhuma.
Em Portugal era um programa de gente sisuda, antipática, que nos fazia o grande frete de estar ali a partilhar o seu enormíssimo conhecimento na matéria... Uma seca.
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De jpt a 29.05.2013 às 17:06

Também já me gabaram a versão australiana, mas nunca vi. Pelos vistos, e segundo me diz - que nunca a vi - a versão portuguesa não se escapou ao "doutorismo", tão típica dos patrícios. Foram aproveitar isso de ir à TV para ganhar "respeitabilidade" (como aquela velha tarjeta "anunciado na TV")? Que seca ...
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De Zélia Parreira a 30.05.2013 às 12:24

Sim, funcionou assim mesmo. Os jurados aparecem agora em tudo o que é anúncios ao bacalhau da Noruega...

Já vi lá no Delito as recomendações ao australiano, que subscrevo inteiramente. E o Ramsay também é bom de seguir. Às vezes dou por mim a rir sozinha com as respostas dele "This chicken is so raw that a skilled vet could still save him...!"


Bons petiscos, então!


Nota: The good wife passa agora na fox life às segundas à noite, mas a temporada já vai bastante adiantada. A minha relação com a televisão passa já quase exclusivamente pelos canais de séries :)


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De jpt a 31.05.2013 às 08:49

temos que andar um bocadito, no descomprimir das atitudes. Lembrei-me ao ver este seu comentário que vi um episódio do concurso musical a la "american idol" e havia um tipo execrável a imitar o inglês do juri da versão original (e produtor daquilo). Onde o outro era macro-ríspido, teatralizando o mau-da-fita, este nosso patrício era (e será) um boçal. Fui a Portugal e lá estava o energúmeno na capa das revistas apasquinadas.


Eu na TV é mais zapping, gosto de ver filmes em fascículos. E o futebol inglês


E obrigado por comentar aqui, o blog anda muito vazio. Deste lado das teclas, do lado comentador (e também de visitas).

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