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por jpt, em 28.09.06
Este som chega-me de longe. Uma canção de ontem a ser projecto de hoje ...

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publicado às 16:09

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por jpt, em 28.09.06
Há textos estranhos: Rui, no Blasfémias integra este texto numa vasta colectânea do que chama "arrojafobia", culminando que tal surge sem que o alvo (Pedro Arroja) [tenha] "escrito uma palavra. Notável!".

Há textos estranhos, repito. No meu texto está explícito que nunca tinha lido P.A. Fobia de quê, de quem, então? Do liberalismo (de que P. Arroja é cultor)? Está explícito o desagrado com alguns bloguistas liberais, mas não todos - e tal como já botei o meu desagrado radical com bloguistas liberais também já espetei o meu agrado (e preferência) com outros (e isto para além de diálogos também inter e intraclubistas com o mundo liberal). Fobia de quê, de quem, então?

Absoluto menosprezo por declarações, lembradas com elogio no Blasfémias e apoiadas ou amigavelmente matizadas em comentários de alguns "blasfemos", não é fobia, é isso mesmo, mero menosprezo. Infundamentado? Preconceituoso? Pois se se lembra que P.A. vai no bloguismo "Sem ter escrito uma palavra"? Peço desculpa, mas isso é falacioso. Há uma entrevista, assumida, e incensada. Nela constam excertos destes:

"FC: Claro que estamos a falar de valores económicos.

PA: Sim. Repare, eu acho que eles têm todo o direito à liberdade, é a terra deles. Agora não se esqueça que os negros americanos não estão na sua própria terra.

FC: Ah não? E quem é que os levou para lá?

PA: Foram eles que foram. Atraídos pelo nível de vida que não têm em mais parte nenhuma do mundo.

FC:Para começar a terra era dos Indios. E está-se a esquecer do pequeno pormenor da escravatura.

PA: Alguns foram levados como escravos. Mas ainda hoje há gente a emigrar para lá, negros. E deixe-me dizer-lhe uma coisa. O homem que ganhou o prémio Nobel, este ano, Robert Fogel, provou que se o sistema da escravatura era politicamente inaceitável, em termos económicos, para os negros, era um sistema muito eficaz. Mais: que o trabalhador negro da época, escravo, vivia melhor que o trabalhador médio branco. Certamente que a conclusão é surpreendente, é por isso que ganhou um prémio nobel. Mas documentou extraordinariamente bem...

FC: O escravo vivia melhor em que sentido?

PA: Existe a ideia de que o escravo trabalhava e dava tudo ao senhor. Não. O senhor branco ficava no máximo com dez por cento. Em segundo lugar, o trabalhador escravo negro era duas vezes mais produtivo que o trabalhador negro.

FC: E já se perguntou porque é que ele seria duas vezes mais produtivo?

PA: Diz-se que os negros não trabalham, não sei quê, e isto vem provar o contrário: mesmo sob condições de adversidade, a escravatura, os negros eram duplamente mais produtivos que os brancos. E os estados do sul, onde eles estavam concentrados, prosperaram muito mais do que os do Norte. Fantástico.

FC: Fantástico? Se não trabalhassem o dobro apanhavam. Eram chicoteados, mortos, vendidos para a frente e para trás.

PA: Eu não quero dizer que a escravatura era aceitável, mas não foi má para os negros em termos económicos.

(...)

FC: "O Estado Providência acaba na violência e na miséria" , diz você. Sempre gostava de ver como acabaria o estado-empresa... E há sempre os motins de LA para mostrar que não é só o Estado Providência que acaba em violência e miséria. O que é que acha que aconteceu em LA?

PA: Isso é outra questão, que tem a ver com o problema negro. Que é basicamente um problema de família. De ética sexual. Os negros não são capazes de constituir família como tendência geral, como nós constituimos. Têm muitas mulheres. E a pobreza americana, hoje, como nos outros países desenvolvidos, é sobretudo a mulher sozinha com filhos. E a maior parte das famílias negras acabam assim.

(...)

FC: Porque é que será.

PA: Pode haver discriminação, mas também é ética do trabalho. Uma ética de família menos propícia ao trabalho. Sabe o que é? Vá a África e veja porque é que eles não trabalham. Gostam muito de sexo; nós também gostamos, mas se estivessemos o dia todo na cama não faziamos mais nada
."

"Notável"? O que Rui, no Blasfémias afirma é que considerar este tipo de reflexão como espúria é uma "fobia". Entenda-se, não venho de uma repugnância moral pela argumentação, isso não conta, não me custa a "blasfémia". Pelo contrário, desagrada-me esta "idolatria", espanta-me este culto do lugar comum, produzido também no seio de um pensamento racialista e até racista é certo, mas acima de tudo superficial. Repugnância sim, mas pelo pomposo da reprodução de tal vácuo. A reprodução em primeira mão (entrevista), a reprodução posterior (elogio bloguista).

Não há fobia (por homem ou por lata corrente de pensamento). Há menosprezo pela atitude intelectual (por mais "brilhante", para citar Pedro Arroja sobre si próprio, que seja a personagem em causa, e que o digam). "Notável" é o artifício de Rui para transformar um noutro, "vitimizando", "martirizando", e assim "sacralizando", um pacote de banalidades. Esparvadas. E que aspergem quem as sublinha.

Há textos estranhos? Talvez não. Há textos assim mesmo, apenas.

publicado às 12:08


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