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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
É (quase)Natal e os bloguistas ficam bem dispostos e trocam cadeias de passatempos. Agora é o Lutz do Quase em Português que me desafia a mostrar cinco filmes de que tenha gostado. Há muitos, claro, e a lista variaria consoante o momento. Escolho cinco dos filmes que me marcaram mesmo. Não será uma lista de excelências, mas sim uma lista de experiências. Alguns já referi quando aqui deixei a minha deprimida autobiografia na véspera dos meus quarenta anos.
Então segue a lista:
1. Die Nibelungen: Siegfried (Os Nibelungos - A Morte de Siegfried) e Die Nibelungen: Kriemhilds Rache (Os Nibelungos - a Vingança de Kriemhilds), de Fritz Lang. Visto (a Vingança de Kriemhilds) em casa, no saudoso programa de António Lopes Ribeiro. Era uma criança, algum esquecimento paternal (mais presumivelmente fraternal) deixou-me diante daquilo, noite fora, aos 8 ou 9 anos. Ainda estou a recuperar. Felizmente não tenho conseguido.
2. A Queda do Império Romano de Anthony Mann. O filme será uma vera pepineira, se revisto, típico filme histórico de Hollywood. Mas lembro-me de o ver, menino de 8 anos no Monumental, tarde de cinema com a minha mãe. E da espantada e profunda sensação de algo diferente. Era esta senhora. E ainda é. 3. The Magnificent Seven, de John Sturgess. Verão de 1972, São Martinho do Porto. Estou a passar férias com o meu irmão João, mulher e bebé. Tenho 8 anos. Eles saem à noite para ir ao cinema e ficamos em casa (o único ano em que ficámos na casa perto da cancela do caminho-de-ferro) com a(s) empregada(s?). De súbito ele volta, que o "filme é para 10 anos" e eu, pequenino "mas só tenho 8 anos" e ele sorrindo, que não faz mal. Não me esquecerei da excitação, do entusiasmo, aquilo de ir ao cinema à noite. E do pasmo diante de tão soberba cowboiada. Aliás tudo isso volta quando revejo o filme.4. Solaris, de Andrei Tarkovski. Eu tinha dez ou onze anos. Mas não era a única criança. Os meus pais levaram-me ao Caleidoscópio ver o filme, na outra sala estava o 2001. Ali se anunciava que era a oposição entre a ficção científica socialista (Lem e Tarkovski) e a capitalista (Clarke e Kubrick), e havia corrida aos filmes. Sem qualquer dúvida, era o país que era uma criança, não só eu. Lembro-me que me apertavam os sapatos e, muito, daquele abismo. Alguma coisa devo ter transparecido, já não me levaram ao 2001, que só vi adolescente.5. Apocalypse Now, de F.F. Coppola. Desde a adolescência psicotrópica, influenciável pelo "Charlie don’t surf". Sem precisar de versões extensas ...
E um extra para a lista pedida pelo Quase em Português
6. The Quiet American, de Joseph L. Mankiewicz. Bem mais tarde, mas conclusivo. Por melhor que sejam as coisas do cinema se o livro vale, vale bem mais.Agora cumpre-me fazer seguir a corrente, encomendando a outros cinco bloguistas a tarefa: Olhar Sociológico, Avatares do Desejo, Mãos de Moçambique, Miniscente e aos múltiplos tripulantes do Mar Salgado. Se tiverem paciência ou prazer nisto.