Em março de 2008 recebi a "simpática" notícia de que tinha sido premiado com um cancro da próstata. Além da verdadeira dúvida da continuidade existencial que então imediatamente se plantou, estava escrito no papel que o fulano era de grau 8 numa escala de 10, implatou-se também um enorme sentimento de injustiça, pois dois anos antes tinha deixado de fumar. Não propriamente por convicção, mas por teimosia. E todo esse esforço de purificação resultava num rotundo nada. Fui operado no início da noite de 24 de abril.Três meses depois os primeiros resultados anunciavam a provável morte do tinhoso, mas havia que esperar, vigiar e punir, se fosse o caso. Eufórico, nesse mesmo dia, reconciliei-me, com os cigarros, primeiro, e com Foucault, depois.
De lá para cá comemoro o meu 25 a 24. Coisa pouca para a humanidade, um passo tremendo para mim. Este ano comemoro 5 anos. O médico disse-me que a doença estava curada. Reconciliei-me com a biomedecina. Continuei reconciliado com os cigarros, e com Foucault desreconciliei-me novamente.
Assim, o meu dia da liberdade deste ano, e que espero repetir mais uns anitos, foi novamente a 24 de abril. Sózinho, que a data não é colectiva, e com cigarros e jack daniels, exageradamente, se calhar.
Para o 25 propriamente dito já não me restaram muitas forças, trabalho e uma ligeira ressaca. E nem da turquia veio alento, nem desalento. 25 de abril chocho, o meu.