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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Há alguns dias, lá fui ao meu "bye, bye, Costa do Sol". Domingo de manhã, tirei algumas fotos aos troncos abatidos. No ainda areal trabalhadores afadigavam-se a arrastar outros tantos, ou mais. Sou velho nisto, sei bem que nunca se fotografam pessoas sem pedir licença, nem que seja por aceno. Pois estava eu a fotografar o que aqui se vê, nacos vegetais, ali defronte à actual (por quanto tempo?) cooperativa de artesãos macondes, quando um dos trabalhadores, provavelmente capataz, começou aos gritos, como se eu estivesse a cometer uma qualquer ilegalidade. Ou, pelo menos, imoralidade.
A idade abateu-me e a época derreou-me. Percebi bem que se fosse há algum tempo logo me teria insurgido contra o atrevimento do homem, pois não há nada, nem lei escrita nem costumes, que me impeça de fotografar árvores caídas. Mas agora encolhi os ombros e meti-me no carro. A pensar em quem teria dito ao homem, ali a fazer o seu trabalho o melhor que sabe, com toda a certeza, que é proibido fotografar a desanimadora paisagem.