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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
O meu álbum (palavra que hoje já não tem o sentido sensual, até heróico, que teve no tempo do vinil) é "Berlin". O meu poema é "Caroline Says" e tenho uma filha Carolina e só espero, ateu rezando, que não venha a ter nenhum alaska dela,
ao meu país e às pessoas que lá vegetam percebi-o, percebi-as, tontas e vagas, como o continuam, foda-se, bêbedo e ganzado (high, na iconologia de então), algures entre os Olivais, o Cais do Sodré e as Escadinhas do Duque, com moles de heterossexuais cantando em coros gritados , guitarra imaginária na mão, o "wild side" que nem
adivinhavam o que era, o que eram, sempre quase todos na mania de classificar tudo e todos (algo que depois vim a chamar topologia), no caso quem beijava quem, iletrados do que era o verdadeiro lado louco da vida. Cresci com alguns dólares na mão
sempre a gingar, em busca do "meu homem", consumindo o que chegava mas escapulindo-me aos xutos mas de forma a que ele não o soubesse. Veio, o Vicious, tocar a Cascais nos meus 14 anos, três horas e tal, atrasado por jogar flippers nos bastidores, acabando a épica sessão, Aquiles on the road, sentado no palco
Voltou vezes outras, e já trintão tardio vi-o no Atlântico, eu em versão respeitável, sóbria, mana e sobrinhos a tiracolo. Chegaram os amigos, velhos como eu, e de súbito, ainda que o olhar maternal da mana culpabilizasse, regressei a puto naquilo dos psicotrópicos, talvez, talvez a última vez. Logo dei comigo na primeira fila, em pulos
ganzado como um puto. Hit me with a flower ... gritei.
Tinha 24 anos, homem feito, até doutor, nos tempos da tropa. Entrei no quarto, o ainda da minha adolescência. E retirei o último poster da parede, que ainda lá estava o do "Música e Som" do Lou Reed. Oh, you're right and I'm wrong, não o devia ter feito
I'm gonna miss you now that you're gone.
Foda-se, fiquei hoje, estupidamente, sozinho.
É uma clássica, de Abílio Mandlaze.
Somos suaves no ma-schamba, não há agenda aqui. E em olhando os patrícios na minha terra - esta semana ainda mais - desacredito eu que se possa propôr alguma coisa que seja. Ainda assim aqui fica mais um templo, coisa sempre agendada para o sábado à noite. Com a esperança que durante duas horas e pico não estejam a ver os "comentadores fedorentos" nos plasmas de hoje, esses sócios ou assalariados das tvs digitais ou dos bpns, que depois "fazem uma perninha" a fazer-lhes as cabeças.