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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
(Um pequeno livrinho muito discutível, manualesco. Mas talvez ajudando o pensar)
"A explicação causal não é por conseguinte nem profunda nem extensa...Se durante dois mil anos a historiografia chinesa quase não ultrapassou o nível do discurso cronológico, analítico, foi porque o confucionismo tinha fixado os espíritos numa atitude exageradamente reverente para com as obras antigas, o Chu King e os Che Ki, por exemplo. Foi também porque os chineses não tiveram do tempo a mesma representação que os povos mediterrânicos. Ignoraram a cronologia contínua em que, a partir duma data originária, se podem medir as durações nos dois sentidos. Utilizaram uma cronologia compartimentada em pequenos receptáculos cada vez menores: período dinástico, reinado, nien hao (quatro anos e meio), ano, estação, etc. Com efeito os Chineses tiveram do tempo, como do espaço, uma visão concreta e analítica, filha duma escrita rebelde à abstracção...consequências de uma tal visão são nefastas: dificuldade de localizar exactamente no passado e portanto obstinação em fazê-lo, impossibilidade de estabelecer as ligações causais através de divisões cronométricas, rejeição de uma perspectiva linear em proveito de ciclos representativos...
Escrever a história não é nem conhecer veridicamente, nem compreender o passado; é pô-lo em ordem.”
(Charles-Olivier Carbonell, Historiografia, 39)