Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Mudaulane (Celestino Mondlane) com uma exposição individual, cerâmica e desenho, no Instituto Camões. Do passado 31 de Agosto até 10 de Setembro.
Para mim, leigo, Celestino Mondlane ceramista escultor é do mais excitante que tem surgido em Moçambique, esculturas avassaladoras, um sobre-humano que não lhe advém apenas das dimensões, mescla de grotesco e irónico, o horror e o amor.
["O Grito da Madrasta", argila, 2005; pormaior reproduzido do desdobrável que acompanha a exposição]
Ali, e imagino pois não o conheço, também se agita um cosmos sempre dito tradicional, um mundo mitológico feito actualidade num olhar tão especial. Olhar e mãos a seguir, com entusiasmo. Pois únicos.
("Embondeiro", argila, 2005)
Coloco aqui uma outra obra do artista, a espantosa "Mesavana (A Velha Feiticeira)" [argila, 1,95 m, 2004], actualmente apresentada na exposição da Bienal TDM, ainda que neste caso a reprodução do catálogo (um bom catálogo, diga-se) não faça minimamente justiça à intensidade da escultura.
E permito-me imaginar também o quão interessante seria vê-lo trabalhar outros materiais, pedra ou metal. Sem desvalorizar a cerâmica, apenas projectar desafios para tamanho artista. Quem sabe? um dia.
Finalmente, esta exposição, vibrante ainda assim, está muito prejudicada pois duas esculturas, "as melhores" segundo o próprio Mudualane, partiram-se durante o transporte. Para mais alguns desenhos não foram apresentados, devido a atrasos no emoldurar.
Esta infeliz situação levanta outros tipo de questões, sobre o papel das galerias aqui, sobre o envolvimento que assumem (ou não) na produção deste tipo de actividades. No fundo sobre a sua tendência para surgirem como meros espaços-receptáculos de obras.
Mas isso são coisas a desenvolver noutra altura. Agora é altura de olhar o mundo deste homem.