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Ibo

por jpt, em 01.10.05

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No Expresso [abaixo transcrito] Paola Rolleta coloca texto sobre o Ibo e sobre os livros ontem publicados em Moçambique, "Ibo - a Casa e o Tempo" de Júlio Carrilho, e "Pemba, as Duas Cidades", de Júlio Carrilho, Luís Lage e Sandro Bruschi, edições da Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico.

(Lembro os interessados residentes no estrangeiro, arquitectos, amantes do maravilhoso Cabo Delgado, amantes de livros e curiosos, que os livros podem ser encomendados na Livraria Escolar Editora que os distribuirá internacionalmente).


***

Turismo no arquipélago das Quirimbas
Ilha de Ibo, um encanto decadente
Expresso, 30 de Setembro
Paola Rolletta


A ilha do Ibo - no arquipélago das Quirimbas - é um destino que começa a aparecer nos roteiros turísticos mais sofisticados a cinco e seis estrelas, como Quilálea e Matemo.

O Ibo ainda mantém um ar decadente, e já despertou o interesse nacional e internacional pelo grande património arquitectónico que possui, pelo que representa na história dos povos português e moçambicano.

"Casas de pedra e limo, bichos obstinados na sua quietude. Pacientes, embalados pelo vaivém das marés. Deixando que o sal lhes carcuma a pele por terem desde há muito desistido de contrariar o tempo", escreveu numa estória da ilha, João Paulo Borges Coelho.

As ruínas das casas, as ruínas das varandas, elemento tão característico da ilha, as ruínas das estradas, tudo isto foi levantado e estudado pela Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico (FAPF) de Maputo e publicado agora em livro, "Ibo - a Casa e o Tempo" pela pena de Júlio Carrilho, poeta e arquitecto e oriundo do Ibo. É apresentado ao público, em Maputo, juntamente com "Pemba, as Duas Cidades", levantamento da cidade de cimento e da "informal": a expansão recente da antiga Porto Amélia é constituída da adaptação à resistência permanente no ambiente urbano de uma tipologia de casa pré-colonial transformada e evoluída através de uma sabedoria antiga e ainda viva.

A ilha do Ibo já foi um terra de comércio de escravos. Quando a capital dos grupo de ilhas Quirimbas foi mudado para Pemba, a ilha do Ibo já não foi mais nada. Ficou refém das marés vivas e do esquecimento do tempo, com as varandas sempre mais vazias e sempre mais decadentes. Já se pensou fazer dela o centro de Zona Especial de Turismo, mas não deu em nada.

Hoje o ambiente é mais favorável e muito se deve à mudança de mentalidade da qual a FAPF é certamente uma das principais mentoras, com o director José Forjaz e uma equipa de arquitectos moçambicanos e italianos que estão a levar a cabo o levantamento do património arquitectónico moderno moçambicano.

Em Moçambique, onde os monumentos históricos não são certamente uma presença significativa, parece ainda mais importante tutelar este património arquitectónico que constitui a cara mais evidente das cidades de cimento, seja pela qualidade específica seja pela dimensão e o papel urbano, elemento importante pelo turismo urbano e sustentável, actual aposta de desenvolvimento.

"Ibo- a casa e o tempo" tem o aspecto mais de um diário de viagem do que um tratado de arquitectura. Júlio Carrilho, entre plantas urbanas e fotos de edifícios, relata as entrevistas feitas com os velhos habitantes que todos os segredos sabem das casas, das argamassas, da cal e das ervas usadas para ser mais forte. Reconhece um espaço especial a quem quando a maré não deixa pescar, come apenas maçanicas.

E faz um acto de amor para com a sua ilha, alimentando o optimismo da convicção de que "também o presente ciclo de degradação e um certo marasmo será ultrapassado pela redescoberta da riqueza natural, de novas vocações para o relançamento económico e social e da importância do património tangível e intangível das ilhas no seu conjunto e do Ibo, em particular".

publicado às 19:40


1 comentário

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De lucinda faria a 16.05.2010 às 00:28

Pemba,cidade encantadora,gentes encantadoras,acolhedoras.Espero em breve visitar a Ilho do Ibo.

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