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Natal em Maputo

por jpt, em 28.12.03
Em cada Natal há mais natal em Maputo. Pois, em cada Natal, o tal da “paz”, “felicidade”, “amor entre os homens”, “todos os dias que um homem quiser”, “criancinhas”, “etc. e tal”, há mais gente na rua apinhada nas ruas, um trânsito voraz nas avenidas mas também nas ruas e ruelas, que os buracos destas são agora esquecidos na pressa das compras - ai, quando maputo tinha poucos carros!, que sossego -, gente até chorando os preços mas a encher o fajardo, o bazar central, que esses vi eu e os outros só acredito, o alto maé encrespado de compradores de última hora, bem como lá na baixa, e por todas essas bancas de rua, sempre o olho no cliente o olho no polícia, e lá no fundo da luthuli o fantástico ayob comercial, filas ao sol esperando vez para entrar, comprarmos as tralhas chinesas, maravilha de marketing essa baixa de preços em época de ponta, e até os prédios shoppings agora com visitantes feitos compradores, uma festa, uma festa, mesmo as iluminações de natal vão surgindo, isto está moderno, cidade fazendo-se grande. 

É verdade, instalou-se o horror do consumismo, desvirtuando o que deveria ser, o que foi, o espírito natalício. E ainda mais incompreensível neste país, onde a maioria da população tem tantas dificuldades, passa por tantas privações. Um paradoxo inconsciente, amoral até.

É, é isto que se vai ouvindo, ainda há alguma consciência, e mais ainda nos intervalos das compras, entre aqueles, de cá ou não, que não passam privações, os de há muito habituados a consumir, antes do natal, no natal, depois do natal, esses que fazem do natal o tal “todos os dias que um homem quiser”. Resmungando, desgostosos, com esse povo da cidade, coitado é certo por tal o ser, e que assim se distrai, a querer-se tão burguês, gerando maus hábitos nestas cópias, hábitos talvez não para eles, talvez não sustentáveis.

Mas que fazer, esta terrível globalização a padronizar modos, a natalizar-nos, não é assim?

publicado às 08:48


1 comentário

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De madalena a 07.09.2006 às 08:51

Este texto fez-me recuar a um passado muito distante em que eu esperava por um Pai Natal de barbas brancas e fato encarnado, botas e peles nas golas... enfim: um Pai Natal "à maneira", vestido a rigor que passava por aí e depositava na minha chaminé exactamnte as coisas que eu desejava. Foi um carrinho para passear as bonecas, foram fogõezinhos, tachinhos, seviços de chá da china e de jantar também. O bebé chorão que se comprava na África do Sul e era caríssimo não chegou a vir.Houve um Natal em que a fantasia se desfez. Era inevitável. Mas o desgosto foi tão grande que eu jurei nunca ser autora ou agente de tal desgosto junto dos mais pequenos. É engraçado que não me lembro do calor. Lembro-me que eram tempos de férias de Verão, que só acabavam a 31 de Janeiro. O calendário escolar tinha de ser diferente por razões climáticas.Mas era Natal!!!

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