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Nestes últimos dias no ma-schamba tem-se falado mais de colonialismo do que nos anteriores seis anos que as nossas courelas já levam. Muito, mas não só, a propósito do livro de memórias de Isabela Figueiredo (que, vê-se, mexeu na colmeia. Advertidamente, acho). Livro que a jornalista Vanessa Rato aventa ser um momento fulcral na história intelectual portuguesa, anunciando o advento (ou a possibilidade) de um pensamento pós-colonial em Portugal. Talvez por isso, pela percepção ou sensação desse episódio único, tanto aqui têm falado os bloguistas, os comentadores (os residentes e não só) e, até, alguns outros bloguistas que para cá têm feito ligações (mais ou menos abonatórias). Dando-me, ao fim destas semanas, a sensação de já ter os cromos opinativos todos (e isto sem sentido pejorativo), os mais fáceis e os mais difíceis. A caderneta completa! Mas fui compreendendo o meu erro. Pois se a continuidade (muito bem-vinda) de comentários me levou a desconfiar desse sucesso, demonstrando afinal a incompletude, foi a tal referência à actual emergência da reflexão "pós-colonial" em Portugal que me fez entender o meu erro. Pois, e por arrastamento, por analogia ou homofonia, se se quiser, isto levou-me a perceber esta questão no seio do pensamento pós-moderno.

 

Tento explicar-me. Sou um homem do tempo das cadernetas de cromos, essas "grandes narrativas" conclusivas, com princípio, meio e fim, conclusivas e argumentáveis. Ainda que algo incompetente no assunto, reconheço, pois apenas completei as colecções "Mundial de 1974" - no qual Johan Cruyff e sua Laranja Mecânica foram injustiçados pela vil Alemanha -,

 

[imagem encontrada no Santa Nostalgia]

 

e uma esplêndida e mui expressiva "História de Portugal", da qual guardo ainda memórias muito vivas, constantes, em particular dos cromos da muito dumeziliana Deuladeu Martins botando pão muralhas fora, dos cotos de Navas de Tolosa, do pavoroso e zarolho (Dumézil também?) Geraldo Sem-Pavor ao assalto em Évora, do entalado Martim Moniz ali às portas de Lisboa, e claro que do Nosso Senhor Jesus Cristo planando nos céus da Batalha de Ourique abençoando Afonso Henriques, seus homens e, obviamente, todo o Portugal que aí vinha. Para além do último e destacado cromo, o alusivo ao Presidente do Conselho, Professor Marcello Caetano, que Deus tivesse na Sua santa guarda.

 

[imagem encontrada no Pena e Espada]

 

Ora o que ultimamente me tem revelado a minha filha é que o paradigma "cromo" faleceu. A grande narrativa terminável, conclusiva, a encerrar de modo contíguo em apropriada caderneta, é coisa do passado. Deparamo-nos hoje com uma versão diversa, uma contínua actividade de troca, inacabável, dos stickers. Seja em versão Hannah  Montana seja nos "fofos". Sendo que os rapazes [lá está, a vil ideologia de género a moldar as jovens mentes, a discipliná-los para os papéis sociais a que aderirão julgando-os naturais] têm uma panóplia de viçosos super-heróis para fruirem da mesma actividade.

 

[imagem encontrada aqui]

 

[imagem encontrada aqui]

 

Nesta incessante troca de itens não se vislumbra conclusão, não estão eles numerados nem catalogados. Nem são arrumáveis por predeterminada ordem, cada coleccionador(a) preenche e repreenche criativamente os múltiplos suportes (livros, pastas, cadernos, folhas, paredes, frigoríficos, sei lá) que vai escolhendo. O limite, conceptual e estético, seria o céu não fosse tudo isto ser mediado, entenda-se reprimido, pelas bolsas (aliás, cartões de crédito) paterno-maternais [a tal ideologia de género que sobrevaloriza o termos "paternais" tem que ser combatida]. Estamos diante de uma corrente total de dádivas, sem objectivo nem finalidade para além delas próprias. Barro para um novo (pós-moderno? pós-colonial?) ensaio sobre o dom, com toda a certeza.

 

Assim esclarecido (actualizado) pela minha filha regresso ao blog e à temática colonial, e mais descansado. Que penso eu, bloguista aqui fundador e que nada tenho falado do colonialismo, do que para aqui se vai dizendo? (o colonialismo ou não, o racismo ou não, o Eusébio ou não, o Monstro Sagrado ou não?, o electricista da Matola ou não, o que os portugueses deixaram ou não, o Bloco de Esquerda ou não, etc. ou não?). Não posso achar, nem resumir. Não porque me faltem cromos na caderneta. Mas porque ela, afinal, não existe. Apenas posso, agora (desde Dezembro de 2009) que parece que começou o pensamento pós-colonial em Portugal, aproveitar para meter uns stickers (versão "fofos") na porta do frigorífico e uns outros no blog. Para o blog seguem estes, nada raros:

 

 

Num texto de 1936 George Orwell (autor muito simpático a largo espectro de leitores) escreveu. "Here was I, the white man with his gun, standing in front of the unarmed native crowd - seemingly the leading actor of the piece; but in reality I was only an absurd puppet pushed to and fro by will of those yellow faces behind. I perceived in this moment that when the white man turns tyrant it is his own freedom that he destroys. He becomes a sort of hollow, posing dummy, the conventionalized figure of a sahib. For it is the condition of his rule that he shall spend his life in trying to impress the "natives", and so in every crisis he has got to do what "natives" expect of him. He wears a mask, and his face grows to fit it." (George Orwell, "Shooting an Elephant", 1936, Inside The Whale and Other Essays, Penguin Books, p. 95). Repito, é um texto de 1936.

 

 

Entretanto na página Facebook de um prezada colega encontrei este filme que de imediato me fez lembrar este livro, comprado recentemente na Livraria Sá da Costa (ao Chiado, Lisboa) pela quantia de 0,5 euros.

 

[Aimé Césaire, Discurso Sobre o Colonialismo, Sá da Costa, 1978. Tradução de Noémia de Sousa, prefácio de Mário de Andrade]

 

Podemos hoje olhar para o livro, na realidade um panfleto com todas as características desse tipo de documento, publicado originalmente em 1955 (e retomando um texto de 1950), com grande distância. Césaire era ainda membro do Partido Comunista Francês, explicitamente crente na filosofia de história comunista (e o panfleto termina com uma profissão de fé típica, hoje anquilosada), a qual até contradiz parte do argumento multilinear que defende (as "possibilidades" de desenvolvimento que imagina). Defende o afrocentrismo de Cheikh Anta Diop (que não será ele próprio reactivo?), hesita (apesar de tudo) na refutação radical do conceito de filosofia bantu do padre Tempels,  mi(s)tifica o comunitarismo das sociedades africanas ante-coloniais ("Eram sociedades democráticas, sempre. Eram sociedades cooperativas, sociedades fraternais." (27), e chega a pontapear Marco Polo como exemplo do colonialismo. Mas se não o lermos anacronicamente (como ele o fez ao pobre de Marco Polo) encontramos um diagnóstico acutilante. É só escolher para citar. Escolho dois trechos: um, porque muito orwelliano, e porque vem a propósito do que aqui (ma-schamba) vem sendo dito: "Será preciso estudar, primeiro, como a colonização se esmera em descivilizar o colonizador, em embrutecê-lo, na verdadeira acepção da palavra, em degradá-lo ..." (17) "...a colonização desumaniza, repito, mesmo o homem mais civilizado; que a acção colonial, a empresa colonial, a empresa colonial, a conquista colonial, fundada sobre o desprezo pelo homem indígena e justificada por todo esse desprezo, tende, inevitavelmente, a modificar quem a empreende (...) É esta acção, este ricochete da colonização, que importava assinalar." (24).

 

E escolho outro trecho dedicado a alguns dos comentadores. O autor segue Lévi-Strauss e Leiris (então figuras centrais no pensamento antropológico em francês), adversários da ideia de supremacia cultural (e seu corolário, a ideologia do "progresso) - coisa que, sessenta anos depois continua a não entrar na cabeça de muito boa gente, uns porque acham que ele (progresso) é muito bom e entendível, outros porque confundem isto com um tal de "relativismo". Disse Césaire (repito, traduzido por Noémia de Sousa, introduzido por Mário de Andrade e publicado em Portugal pela Sá da Costa em 1978, e vendido em finais de 2009 no centro de Lisboa por 0,5 euros):

 

"Falam-me de progresso, de "realizações", de doenças curadas, de níveis de vida elevados acima de si próprios. Eu, eu falo de sociedades esvaziadas de si próprias, de culturas espezinhadas, de instituições minadas, de terras confiscadas, de religiões assassinadas, de magnificiências artísticas aniquiladas, de extraordinárias possibilidades suprimidas. Lançam-me à cara factos, estatísticas, quilometragens de estradas, de canais, de caminhos de ferro. Mas eu falo de ... milhões de homens arrancados aos seus deuses, à sua terra, aos seus hábitos, à sua vida, à vida, à dança, à sabedoria. Falo de milhões de homens a quem inculcaram sabiamente o medo, o complexo de inferioridade, o tremor, a genuflexão, o desespero, o servilismo. Lançam-me em cheio aos olhos toneladas de algodão ou de cacau exportado, hectares de oliveiras ou de vinhas plantadas. Mas eu falo ... de economias adaptadas à condição do homem indígena desorganizadas, de culturas de subsistência destruídas, de subalimentação instalada, de desenvolvimento agrícola orientado unicamente para benefícios das metrópoles, de rapinas de produtos, de rapinas de matérias-primas. (...) Falam-me de civilização, eu falo de proletarização e de mistificação." (26)


Tenho mais stickers. Este é um muito wallersteiniano trabalho sobre a economia colonial.

 

[Carlos Fortuna, O Fio da Meada. O Algodão de Moçambique, Portugal e a Economia-Mundo (1860-1960), Afrontamento, 1993]


Cola bem ao texto anterior, pois o que aqui se trata é da ligação profunda da economia da cultura forçada de plantas comerciais em África e do processo de industrialização português (metropolitano). Para alguns poderá servir para deixar de fazer uma história especulativa, contra-factual, essa do "Ah, se Marcello tivesse actuado... Ah, se Salazar tivesse tido outra visão". Sim, podiam ter tido. Mas não tiveram pois "é(era) a economia, estúpido!". [Já agora, dá para colaborar no entendimento sobre a indústria portuguesa no seio da União Europeia ...] Servirá, acima de tudo, para compreender que Portugal era um país colonial, não um país com colónias.

 

 

[Lídia Jorge, A Costa dos Murmúrios, Círculo de Leitores, 1988]

 

Voltando à primeira forma, essa de ver quem e como eram os colonos inseridos no pacote "sistémico". Há um quarto de século a escritora Lídia Jorge, que veio a tornar-se figura importante na ficção portuguesa, escreveu este romance passado na Beira colonial. Traçou um quadro complexo da sociedade colonial de então, da (ir)relação havida com o mundo colonizado, um meio até contraditório (veja-se a evolução da personagem protagonista, Eva-Evita), assim influenciando as mentes dos portugueses (metropolitanos ou residentes), numa flutuação das concepções. Contrariamente ao que os blogodesenhadores actuais muito gostam não incidiu particularmente sobre "as conas das negras" (a burguesia é sempre espantável) mas encetou o livro com a célebre paisagem dos múltiplos carregamentos de cadáveres de negros, envenenados por álcool metílico, e dos discursos e sensações gerados sobre isso. Um pastel bem mais impressionável, e significante, para os menos espantáveis, diga-se.

[Adelino Serras Pires & Fiona Claire Capstick, The Winds of Havoc, St. Martin's Press, 2001]

 

Um belíssimo sticker é este, a propósito de sabermos das memórias, dos interstícios do mundo colonial. São as memórias de Serras Pires (que têm edição portuguesa, presumo que na Europa-América), homem do mundo, de relativas posses, uma personagem bem conhecida, com a característica de serem muitíssimo legíveis (a co-autora, Fiona Capstick é uma profissional da escrita). Colono filho de colono, Serras Pires teve (e ainda tem) uma vida cheia, figura carismática. [Para os adeptos da caça este é um livro incontornável]. Muito interessante a forma como aqui se explicita, sistemática e conscientemente, a visão benéfica da África colonial, e de como no livro se subentende, e entende, as particulares modalidades de relacionamento (por um lado sistémico, por outro lado pessoalizado) de relacionamento com os africanos "originários", como agora se diz. Mas traz também as flutuações de relacionamento intra-mundo colonial - são recorrentes e profundas as críticas à governação colonial, aos mandarins metropolitanos, ao BNU (a finança todo-poderosa) e, excelente, "aos a sul do Save" (questão que largas décadas depois, e com tão diferentes actores, ainda se coloca). Um episódio marcou-me na leitura do livro - o pai Serras Pires, velho colono inaugural na região do Guro adoece, já idoso, ao fim de trinta anos na região. Tem que ser evacuado de urgência mas não sobreviverá à viagem de carro até à Beira. É então necessário evacuá-lo de avião mas não há pista de aterragem no Guro. Será construída durante uma noite, por mobilização popular. Cabe a história no modelo? Explica o colonialismo? Se sim, cristalizamo-la e embandeiramo-la? Se não, censuramo-la?

 

São os meus stickers. Do após-colonialismo. Quanto aos do pós-colonialismo, não tenho grande curiosidade. Valem-me tanto como a tralha avulsa da "vocação milenar" ou da "gesta pátria". Ou menos, que nem lhes acho interesse museológico. E estes stickers, e mais alguns que meti na porta do frigorífico (aka, geleira), valem-me para os próximos tempos. Daqui a seis anos, se ainda houver ma-schamba, volto a botar sobre colonialismo e após-colonialismo. Mas não, espero (que a esclerose não me ataque), sobre o pós-colonialismo.

 

jpt

publicado às 03:03


12 comentários

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De cg a 01.02.2010 às 14:47

os meus stickers n(d)a "geleira" são simples. baços mas simples.

já os n(d)o "frigorífico" não são tanto...
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De A.Teixeira a 01.02.2010 às 14:56

Tenho que confessar que só ontem é que acabei de ler o famigerado livro de Isabela Figueiredo que estará longinquamente por detrás deste poste. Felizmente que o autor do poste já antecipara o que é que eu devia pensar dele – o meu blogue está incluído numa lista de “receptores entusiásticos”, “ideologicamente diversos”, que comprovam a “transversalidade” da minha “perspectiva superficial, que se pensa crítica sobre o período colonial português”.

São citações de uma daquelas típicas “prosas de chacha”, mas tenho que confessar que aquela classificação da “perspectiva superficial” me chateou. E vir explicar para esta caixa de comentários o que penso do livro parece-me dispensável pois, como se viu, o jpt desde 22 de Janeiro – há mais de uma semana! – já sabia onde me classificar e o que eu viria a pensar…

Poderá ter-se baseado num poste meu descritivo do lançamento do livro a que assisti (http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2010/01/eu-acho.html), em que o tema principal até é outro que não o próprio livro de Isabela Figueiredo… Ou então terá sido noutro poste, em que comparo os filmes em formato de bilhetes-postais animados do Moçambique de outrora com filmes equivalentes da Metrópole da mesma época e com actuais de Moçambique (http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2010/01/o-passado-em-forma-idilica.html).

Não sei sequer se jpt se terá baseado nalguma daquelas entradas, mas duvido sinceramente que jpt tenha aprofundado a questão especificamente a meu respeito a ponto de ler o que eu escrevera em tempos sobre a colónia europeia de Moçambique colonial (http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2008/09/moambique-colonial.html), ou se terá sido ainda doutra forma - uma presciência oracular genuinamente africana talvez… - que fui classificado na lista do jpt dos “receptores entusiásticos” do tal livro…

É por isso que, fazendo uso da mesma frontalidade que o vi usar recentemente com Daniel Oliveira, acho que tomo o direito de lhe dizer: jpt, “perspectiva superficial”, a mãezinha!…
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De jpt a 01.02.2010 às 15:17

AT há aqui algumas incompreensões que serão aclaráveis. Começo pela menos importante: louvando eu a sua frontalidade, e correspondente "a mãezinha", acho que não tem nada a ver com qualquer afirmação que tive para com DO. Apenas o refiro pois queixou-se DO de aqui ter sido insultado e não o foi. Não que eu leva a sua expressão à laia de insulto (considero-a antes como uma valente canelada, ou murro se quiser, coisa bem diferente do coitadismo do "aquele menino chamou-me nomes), não que leia que V. o está a afirmar, mas outro leitor isso poderia concluir dada a associção que V. faz.

Reli o texto que liguei (http://herdeirodeaecio.blogspot.com/2010/01/o-passado-em-forma-idilica.html) e regresso à sua abertura: "Ainda a propósito do livro Caderno de Memórias Coloniais, das contestações violentas que o livro recebeu e dos bilhetes-postais animados (acima) que costumam matar as saudades dos nostálgicos do Ultramar que contestarão o livro ..." - o que eu percebi foi a sua associação entre quem não gosta do livro e quem é nostálgico do Ultramar. Percebi mal? Tresli? Lamento. Retirarei a ligação ao seu texto no post em causa (que aliás coloquei este fim-de-semana como adenda), acompanhado de nota explicativa. Deixe-me no entanto, e não vai de crítica, que lhe diga ser um pouco elíptico o seu texto. Passível de fazer escorregar os maus leitores.

Quanto ao seu antigo texto, de 2008, é provável que o tenha lido à época (costumo lê-lo). Mas não me recordo de momento. Lá irei.

Aceite os meus cumprimentos, aos quais a senhora minha mãe com toda a certeza se associará.
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De Rui M. P. a 02.02.2010 às 00:24

Meu Caro JPT,
tenho alguns "cromos" para a troca nessa colecção sobre o colonialismo e após-colonialismo. Talvez que o mais valioso seja o "Peau Noire, Masques Blanches" de Frantz Fanon e, igualmente muito ilustrativo (tratando-se de cromos, claro), o não menos importante "Les damnés de la terre". Grande parte do que Aimé Césaire expressou sobre o colonialismo foi beber a Fanon e o próprio Sartre manifestou, por diversas vezes, o reconhecimento a esse mesmo tributo. E nenhuma caderneta de cromos sobre este tema se poderá considerar completa se não exibir o "Sociologie actuelle de l'afrique noire. Dynamique sociale en afrique centrale", de Georges Balandier. Vale a pena lembrar que nesta antologia de textos, originalmente publicada em 1955, se republica um texto fundamental de 1949 em que Balandier apresentou a sua definição de "situação colonial".
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De Carlos Azevedo a 02.02.2010 às 02:17

Não volto ao livro da Isabela, porque sobre isso já falamos. Começo por agradecer os stickers: apenas conhecia o do Orwell - penso que o escritor é uma paixão que temos em comum - e o da Lídia Jorge. Do livro da Lídia Jorge - e da adaptação ao cinema em 2004, pela Margarida Cardoso, que vi posteriormente à leitura do livro - retive imagens de grande violência; violência explícita, como na cena que refere e nas associadas ao marido da Evita e ao seu capitão, e violência implícita, se assim posso dizer - não será a designação mais correcta, mas penso que será perceptível o que quero dizer -, associada ao dia-a-dia das personagens.

(Agora estou a aguardar a chegada de um livro de memórias da Isabella Oliveira, do chuinga.7, para ter uma visão alternativa - penso eu - à da Isabela Figueiredo.)
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De jpt a 02.02.2010 às 00:58

RMP excelentes stickers (cromos e cadernetas já eram ...) esses. Andam por cá (o Balandier não é sticker que eu apresente, tenho-o em formato fotocópia com quase vinte anos, já perdeu a ... cola). Falando sério, tens toda a razão em referir a geneologia (ou o caldeirão) da reflexão de então (e eu terei sido relapso em falar do L-S e não do Balandier ...). E ainda, e um pouco na sequência de um comentário teu recente aqui, há bastante coisa escrita e inúmera publicada em Portugal, e acessível (como fiz questão de frisar) - e assim sendo fico algo constrangido com a repetição de argumentos barricados. Ou entao com as excitações festivas do momento.
Abraço
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De jpt a 02.02.2010 às 09:47

RMP fui ver o Fanon referido, a edição portuguesa que eu tenho é de 1975 (editora Paisagem, Porto). Porventura hoje também um mono, pela idade e pela editora (nunca ouvi falar dela, presumo-a desaparecida) Ou então foi reeditado mais recentemente.

O "sociologia actual..." do Balandier que eu saiba não foi editado em Portugal. Acredito que no Brasil. Ou então foi em tempos muito recentes e passou-me despercebido

CA sinceramente não gosto muito do Costa dos Prodígios, meu gosto pessoal quanto a formas narrativas, apenas isso. Mas é muito interessante como quadro de época. O livro da confrade bloguista IO tem o interesse particular de traçar os mecanismos de adesão e desilusão de franjas da população colona com o processo nacionalista moçambicano.
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De Carlos Azevedo a 02.02.2010 às 12:40

Eheheh... Estou a ver que não só não aprecia 'A Costa dos Múrmurios', como também não morre de amores pelo 'O Dia dos Prodígios' (não li este último).
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De jpt a 03.02.2010 às 02:59

Hum ... de Lídia Jorge li este livro e um pequeno livro de contos "Marido e Outros Contos". Não sou grande apreciador (não vai com crítica, a cada um o seu gosto)
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De Carlos Azevedo a 03.02.2010 às 04:34

JPT, estava a brincar consigo porque no comentário 7 escreveu 'A Costa dos Prodígios'.

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