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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Selecciono [seleciono] este exemplo (que consta na página 6) do dito documento. Atentem (e muito em particular os leitores que praticam os sotaques portugueses): na coluna da direita está escrito, e envolto a vermelho: "o que não se pronuncia não se escreve". Portanto, a partir de agora não se diz / não se escreve "colecção"/"coleccionador" mas sim "coleção"/"colecionador"; idem para "direcção" / "direccional" que passa a "direção" / "direcional"; idem para "leccionar" / "leccionação" que passa a "lecionação" / "lecionação". Escrever-se-á "ação" (não "acção"), "correção" (não "correcção"), "extração" (não "extracção"), "fração" ("fracção"), "proteção" (não "protecção"), "reação" (não "reacção"), "seleção" (não "selecção"), "ato" (não "acto"), "ator" ("actor"), "atual" (não "actual"), "afeto" (não "afecto"), "arquitetura" (não "arquitectura"), "coletivo" (não "colectivo"), "detetar" (não "detectar"), "direto" (não "directo"), "diretor" (não "director"), "letivo" (não "lectivo"), "objetivo" (não "objectivo"), "projeto" (não "projecto").
Ouviram as diferenças? Perdão, leram as diferenças? Não se trata de ser fundamentalista. É apenas dizer que estão a mexer na fala, que "tirar consoantes “mudas” emudece as vogais antecedentes. Num sotaque urbano português que tende para o emudecimento omnívoro das vogais e para a amputação das extremidades das palavras isso tenderá, possivelmente, para a incompreensão auditiva entre os falantes de diferentes sotaques e, fundamentalmente, para a crescente incompreensão outra diante dos portugueses." E, claro, dizer de todos esses que afirmam a independência radical entre a grafia e a fala, que afirmam (como se assim concluíssem algo) que a grafia é uma "convenção" - como se a fala não o fosse também -, de toda essa gente que afirma tais dislates com ar doutoral, que não passam de tralha. De gente átona, por assim dizer.
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