De ABM a 21.03.2009 às 03:57
É preciso ter em conta que o actual papa era realmente o idéologo-mor, a espinha dorsal na postura radicalmente conservadora passada pelo anterior papa, João Paulo II, cujo carisma e simpatia ocultavam esse radicalismo conservador, ou, se quiseres, uma espécie de "back to basics" do anterior dogma católico de João XXIII e Paulo VI, ou, ainda mais perniciosamente, um ataque frontal ao espírito do Concílio do Vaticano II. Que a hierarquia católica seja contra o divórcio, as relações sexuais em geral e antes do casamento em especial, o aborto, a eutanásia, a aceitação dos homosexuais e mais meia dúzia de coisas que não me ocorrem agora, não me chateia lá muito, pois vivemos uma era em que, no Ocidente, onde tendo a viver, esta é apenas mais uma opinião, sendo que são as elites políticas eleitas e o eleitorado quem decide no fim. Agora em África, que é ideologicamente terra de ninguém, mas onde impera um certo machismo primordial e um marcado fundamentalismo religioso - e onde, paradoxalmente parece que se fode intensa, diversa e alegremente, a acreditar na estatística publicada - vir SS com o seu dogma radical conservador tentar desacreditar o uso do preservativo e pregar a fidelidade, a reflexão e a penitência em vez dum par de Laurentinas geladinhas e uma valente queca com a 1ª, a 2ª e a 3ª mulher e ainda a namorada, numa população à margem da pobreza e do analfabetismo, bem, isso pode soar bem nos corredores em Roma, mas para quem está sentado deste lado, é um pouco brilhante exercício de sublimação da realidade. Aliás, esta obsessão católica com a sexualidade dos outros é verdadeiramente fascinante. Dá a impressão que o pecado original não foi Adão ter comido a maçã.
Foi ter usado a pila na Eva.