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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
"Desenhos de Prisão", exposição de Malangantana, apresentada na Fortaleza, possibilitando um bom catálogo (150 meticais). Produto de um trabalho de registo fotográfico, informático e (presumo, pois o texto não é absolutamente explícito) de restauro da obra de Malangatana, e no seu seio deste particular conjunto de desenhos produzidos nos calabouços de então.
Numa das alas da Fortaleza, está exposta uma selecção de desenhos desse conjunto. Impressiva e impressionante. O catálogo reproduz mais 93 desenhos, de prisão ou (alguns) alusivos a esse periodo. É desse conjunto excedentário que aqui reproduzo cinco, talvez menos denunciatórios do que os que foram expostos, mas porventura tão significantes - e a selecção apresentada denota uma hierarquização de temáticas que me parece linear.
Este trabalho (recuperação de obra, produção de exposição, produção de catálogo) resulta de um projecto da Fundação Mário Soares, com apoio da Fundação Ilídio Pinho. Registe-se, pois louvável. Bastante louvável, a intenção e a competência. Neste âmbito que a primeira página do catálogo integre um texto alusivo da autoria do patrono da Fundação surge natural, até obrigatório de costumeiro que é. Mas que o mesmo catálogo seja encetado por uma fotografia de Mário Soares de mãos dadas com Samora Machel parece descabido. Há deselegâncias que parecem oportunismo. E vice-versa. E, pior do que tudo, que desmerecem o meritório.