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A propósito de Conrad

por jpt, em 26.08.09

gray-anatomy

"Conrad is our contemporary because ... he writes of the realities in which we live. At bottom, we know the dilemmas we face are not wholly soluble; but we prefer not to dwell on that fact. In order to avoid ethnic and religious enmities interacting with the rising scarcity of oil, water and other necessities, we need a worlwide programme of restraint and conservation; but such a programme is difficult to imagine at the best of times, and impossible while crucial regions of the world are at war. The realistic prospect is that the most we can do is stave off disaster, a task that demands stoicism an fortitude, not the utopian imagination. Which other novelist can school us so well in these forgotten virtues?

Conrad's greatness is that he brings us back to our actual life. The callow, rationalistic philosophies of the twentieth century, promising world peace and a universal civilization, are poor guides to a time in which war, terror and empire have returned. It falls to a novelist without much faith in the power of reason to enlighten us how to live reasonably in these circunstances. As to ideologues of the end of history, prophets of a new world united under the sign of the market, their day is done."

[John Gray, Gray's Anatomy, Allen Lane, 2009, p. 390]

publicado às 01:57


5 comentários

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De jpt a 27.08.2009 às 00:21

Ocorre-me que o melhor seria eu mandar-te a palavra-passe e transformarmos isto num blog colectivo. O e-mail é o maschamba@gmail.com, que dizes?
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De A B de Melo a 28.08.2009 às 16:00

tu picas e eu respondo....ainda por cima tens um mecanismo qualquer que sempre que metes uma coisa cai-me direitinho na caixa do correio. Além disso estou numa fase de relaxe confuciano e de reflexão sobre a razão das coisas, o que é intelectualmente perigoso. Enfim. isto é elogio ou convite para me conter? a legião de fans maschambiana estando de férias e a águas (é tudo gente culta e rica, bem pelo menos tem computador e internet o que já não é mau) em breve regressa e eu serei um pingo de água no oceano.
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De jpt a 28.08.2009 às 17:46

isto é convite para blogares. mando-te a palavra-passe, prometes que não mexes no sistema sem perceberes bem (ou seja, não apagas isto) e começas a botar a tua faladura.
a tal legião de fans, como dizes, está aí. são os utentes do google, que aqui chegam em busca das mais díspares coisas (portulanos, p ... moçambicanas, ilha de moçambique, relativismo cultural, até António Manuel Botelho de Melo, imagina)
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De A B Melo a 26.08.2009 às 18:07

Gray é um sub produto genial e típico de uma forte sub-corrente apocalíptica da cultura imperial britânica que reflecte em parte o doloroso pessimismo que emergiu entre o quase catastrófico final da I Guerra Mundial e o fim da II Guerra Mundial (que eu considero apenas metade de uma guerra de 70 anos, mal começada e mal resolvida no fim com a queda do muro de Berlim). Aldous Huxley e George Orwell são outros expoentes que li com prazer nos meus tempos de jogar ao berlinde. Dramaticamente, quase tudo o que o que os três dizem - no essencial precedidos pela enigmática prosa de Joe Conrad - basicamente está a acontecer, e muito mais depressa do que eles pensaram. A confrontação essencial entre o crescimento exponencial da população, a degradação do meio ambiente, o controlo das tecnologias e o seu uso pelos poderes constituídos para cercear, controlar e reprimir o ser humano, e a questão essencial da liberdade e democracia (no sentido lato) neste futuro temível, e principalmente a natureza fungível dos ideais, da fé e da moralidade, são o tema essencial com que se vão confrontar as próximas gerações. Como felizmente já estou perto dos 50 anos de idade, desejo a essas futuras gerações muito boa sorte pois também prevejo que, sem alterações significativas e sérias mudanças de mentalidades, os conflitos futuros vão fazer a violência e a mortandade sem precedente do século XX parecer um piquenique no parque.

De salientar que a maior parte destes escritores cultivavam activamente a neura e que umas boas doses de Xanax os ajudaria a viver melhor. Mas então não teríamos as suas majestosamente, magnificamente deprimentes visões para ler e curtir antes do jantar

Nas antigas sociedades, onde a miséria e a opressão eram o quotidiano, havia escritores que construiam modelos utópicos positivistas e em muitos casos imbuídos de conceitos religiosos algo fantasiosos. No mundo actual esse espaço cultural cada vez se prevê mais reduzido e os anteriores conceitos de uma cidade de luz no topo da montanha revertem para a mais plausível conceptualização da miséria circundante.

No fundo Gray e Conrad integram este vasto movimento cultural pendular entre a perspectivação de um ideal bom e uma realidade má, que foi mais ou menos a ideia original e a estrutura da "Utopia" de Thomas More em 1516.

Movimento que, certamente, a um nível microcósmico, invariavelmente ocorre nas nossas vidas pessoais e que, com sorte, se revela cíclico.

Ciao.
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[...] John Gray (Gray’s Anatomy. Selected Writings, Allen Lane, 2009) e da sua abordagem ao enorme Conrad – autor anacronicamente destratado por alguma intelligentsia gauchiste, mais lesta na “crítica” do que na “análise” – e ao qual convém sempre voltar, que começou o ma-schamba colectivo [...]

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