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Interessante iniciativa, esta transposição para sítio informático da exposição colectiva Intersecções, que integra obras de Ídasse, Malangatana, Chichorro entre outros, uma iniciativa do Consulado-Geral de Portugal em Maputo (av. Mao-Tsé-Tung). Inaugurada há já um mês estará visitável até amanhã, domingo dia eleitoral. Mais uma boa acção da actual cônsul, Graça Gonçalves Pereira.

Adenda: esta exposição foi também objecto da realização de um blog, o Intersecções.

publicado às 03:47


4 comentários

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De A B de Melo a 28.09.2009 às 17:29

Dois comentários,

1. Simpática e louvável iniciativa a de fazer a exposição, se bem que da minha considerável experiência destas coisas fico sempre na dúvida porque é que um espaço que é suposto ser uma ilhota cultural portuguesa ou pelo menos palopiana num mar moçambicano, precisa, ou escolhe, repetidamente, promover a arte e cultura moçambicanas. Maputo já devia ter mais, muito mais espaços para esse efeito, pois felizmente muita e boa arte local e nacional tem, mas menos espaços e oportunidades para a exibir. Truque bom mesmo seria exibir isso em Portugal, e o de Portugal em Maputo. O contribuinte português, presentemente teso, agradeceria.

2. Sobre Graça Gonçalves Pereira. Informei-me e não esqueçam que leram aqui primeiro :) . Creio que é a primeira cônsul de nível em muitos anos em Moçambique. Tem as vantagens de um percurso curricular brilhante e uma bagagem intelectual invulgar, conjugadas com uma personalidade forte e estável, capacidade de iniciativa e "approachability" nomeadamente pelos portugueses radicados/asilados em Maputo que destoa completamente com o passado. Não se limita a assinar passaportes e despachos e a fechar-se majestaticamente no gabinete. É seriamente inteligente, faz relações públicas a sério, fala com as pessoas, envolve-se, fazendo parecer que Maputo não é apenas mais um "pit-stop" no seu percurso. Sendo brilhante e uma mulher naquela corja perfumada e masculina que são as Necessidades, imagino e espero que mesmo assim mais cedo ou mais tarde ela venha a ser nomeada embaixadora (ou ministra plenipotenciária ou lá como se chama) dentro de poucos anos. A meu ver potencialmente uma (a primeira) ministra dos Negócios Estrangeiros portuguesa, claramente tem o perfil e as credenciais, é só ela ter a ambição, os magos do MNE deixarem e os políticos acordarem. Aproveitem enquanto ela estiver em Maputo, portugueses e moçambicanos. Os portugueses e a República, precisam de gente assim à frente das suas instituições.
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De jpt a 28.09.2009 às 21:11

O teu ponto nº 1 justificará bem mais do que um mero post.

O teu ponto nº 2: concordo em absoluto. Só não sei se não será letal à referida diplomata ser tão rasgadamente elogiada ... "Se esses gajos gostam dela Ramallah, Bagdad ou Argel com ela", não achas?
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De ABM a 28.09.2009 às 23:37

Lamentavelmente, apesar de ser uma referência para mim, duvido que este excelente excelente blogue seja fonte de inspiração e decisões sobre o pessoal do MNE português. Da minha experiência, quase nada parece ser. Aquilo não é um ministério: é um mistério. E eu tenho o direito à minha opinião.

Mas se se quiser contraste, procure-se o que escrevi há uns quase trinta anos sobre o enigmático, indescritível Fernando de Castro Brandão. Que na altura foi um notado alvo dos comentários acesos que na altura pus em papel (a sua permanência como cônsul em Boston, sobre o que escreveu um oportuno livrinho, foi memorável) e que comigo começou com, em frente a uma lambuzante audiência numa recepção a que eu fora convidado na Harvard University (ainda por cima mais para comer umas sandes de borla, pois eu era um estudante remediado a tentar concluir um MBA) e a propósito de algo que eu escrevera num jornal de língua portuguesa local, o Portuguese Times, afirmara que "se os EUA fossem um país civilizado que eu certamente seria processado". Na semana seguinte diligentemente citei-o nesse jornal, mais por achar curioso aquela figura vaidosa e algo medievalista, vinda de um país de rastos a tentar sair de um atraso suporífero, e supostamente um diplomata, que não me conhecia de parte alguma, dizer uma barbaridade daquelas em território norte-americano e em público. Quando me informei sobre ele fiquei pouco impressionado, mesmo quando Francisco Knoply mais tarde acudiu solidariamente de Washington.

Apesar desse e outros episódios, Brandão continuou mui serena e alegremente a sua carreira de funcionário público. Até foi presidente do Instituto Diplomático. Ele agora acho que está na disponibilidade e deve reformar-se por limite de idade (faz 66 anos no dia 7 de Novembro de 2009 - ah a puta da idade...).

Ele foi o embaixador que, estando colocado na Venezuela e estando Caracas sob chuvas torrenciais que mataram e desgraçaram milhares de portugueses, no meio daquela calamidade meteu-se num voo da Tap para Lisboa para passar ... férias. O Ministro na altura (acho que o grande açoriano Jaime Gama, agora presidente da Assembleia da República) passou-se dos carretes e recambiou-o para Caracas no primeiro avião. Ele lá foi.

Para chatear, e apesar de uma fixação suspeita em datas, desde então tem sido escritor prolífico e tem escrito muita obra interessante, que acompanho. Ambos adoramos história, mas de ângulos completamente diferentes.

E teve os seus momentos. Ainda hoje me rio da cena que foi em 2004 na Sala dos Embaixadores entre ele e a genial Simoneta Luz Afonso, que estava no Instituto Camões, aquando de umas tomadas de posse, imortalizada numa genial "peça de um só acto" pelo Carlos Albino no seu enigmático blogue.

Ou seja: parece ser bom escritor, provavelmente um medíocre diplomata. Bom com os livros. Mau com as pessoas. Se calhar comigo apenas não teve uma segunda chance de criar uma boa primeira impressão. Mas é por causa de gente como ele que eu guardo bem guardado o meu passaporte americano, pois numa emergência lá fora eu sei que os americanos mandariam a cavalaria acudir. Com os portugueses corre-se o risco de desligarem o té-lé-lé, irem de férias ou atender um contínuo desgraçado que perguntaria "mas então o que é que quer que eu faça?"

Esta cônsul passa muito bem comigo ou sem mim. Mas do que sei, para além do que já disse, acho que numa urgência ela estaria lá para mim. Isso não há dinheiro que pague e mais importante, com gente assim até valeria a pena ser português. E gostar de sê-lo.
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De jpt a 29.09.2009 às 01:19

ia com um sorriso ... e tens toda a razão, a senhora é fantástica.

(tenho que ir googlar esse episódio in-blog da SLA com o vetusto diplomata que aqui citas)

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