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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
[Vitorino Magalhães Godinho, Os Problemas de Portugal. Os Problemas da Europa, Lisboa, Colibri, 2010]
Sobre uma questão que tantas dores de cabeça tem dado, e também nas universidades moçambicanas, aqui por via da importação de modelos influenciados pelo acordo de Bolonha sobre reformas do ensino superior, é interessante ler o mestre Vitorino Magalhães Godinho. É uma longa citação mas vale a pena:
"Sobre o caos em que se tornou o ensino universitário abateu-se o chamado processo de Bolonha, obcecado pela uniformização, baralhando os títulos e graus, e eivado por uma pedagogia simplista. O primeiro acto de qualquer governo com um mínimo de sensatez tem de ser a revogação das abstrusas disposições desse pseudo-acôrdo feito à revelia de professores e investigadores, que não tiveram a coragem de o rejeitar e se sujeitaram a passar sob as forcas caudinas. Uma das riquezas culturais da Europa são as suas escolas superiores diversas (...). Não interessa equiparar títulos, o importante é reconhecer o seu valor universal. Como não interessa que os estudantes saltem de universidade em universidade para seguir os mesmos cursos. Só depois de adquirida sólida preparação é que se está apto a beneficiar da frequência de escolas e centros diferentes, que aliás devem ser criteriosamente seleccionados. Tenha-se o bom senso de não cair no turismo universitário. Temos de regressar à licenciatura como termo de um curso completo, e não etape sem significado. Os mestrados não podem confundir-se com cursos profissionalizantes ou, pior, tomar o lugar de licenciaturas; devem ser preparações exigentes à investigação. A formação e o aperfeiçoamento profissional devem ter os seus cursos próprios." (62-63).
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