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A Toponímia de Origem Portuguesa da Cidade de Maputo. Alguns Apontamentos”, uma publicação da Escola Portuguesa de Moçambique, produzida pelo seu Centro de Recursos Educativos (2007).Uma pequena edição, com alguns desenhos panorâmicos de Judite dos Santos (a lembrarem a célebre obra de Dana Michaelis) enquadrando o levantamento fotográfico das placas toponímicas de origem portuguesa em parte da cidade de Maputo.O projecto tem interesse, mas a sua concretização ficará um pouco aquém das expectativas, de uma verdadeira contribuição para a maputografia. Certo que se está face a uma edição modesta, e resguardada como “alguns apontamentos”, e talvez se possa esperar que seja trampolim para um futuro desenvolvimento.Alguns pontos de tristeza. Acima de tudo a definição do que é toponímia portuguesa, algo ligado a uma estreita definição do que é a cidade – por exemplo o Bairro do Jardim, com o seu quadriculado de nomeação vegetal é típico efeito de uma concepção urbanística da época (o “ajardinado”) e surge esquecido, porventura porque exógeno ao “cimento nobre” urbano.Assim sendo fica o livro preso à apresentação fotográfica, pobre, de placas toponímicas apresentando nomes portugueses, eventos e personagens, por vezes instituições, mostra que se torna desinteressante, estética e historicamente. Interessante seria complementar cada conjunto de nomeações com algum enquadramento histórico, não tanto de meia dúzia de personagens ou eventos mais célebres (e alguns de sobrevivência pós-nacional curiosa) – e neste caso até seria mais interessante referir personagens menos célebres, para sua “apresentação” aos munícipes -, mas sim dos processos municipais que conduziram a específicas ondas toponómicas porventura associados a processos de formulação identitária lourenço-marquina e a características específicas dos responsáveis à época (como por exemplo as manchas no “bairro dos cronistas”, no “bairro dos reis”, na Malhangalene, etc.), bem como às já referidas concepções urbanísticas vigentes, para além das características sociológicas dos povoamentos. E isso poderia ser (e isto sem a arrogância de dizer aos colegas da Escola o que fazer com os alunos, era o que faltava, é mera ideia companheira) articulado por alunos. Penúltimo ponto de tristeza, e este a extravasar o livro, relaciona-se com o texto, da sua incapacidade de sair de casa. Não quero parecer policiesco, e se calhar estou a ser injusto para com uma publicação simpática, mas ler, aqui e hoje, sobre Fátima (a propósito da Rua de Fátima) que “Paulo VI, em 1967, e João Paulo, em 1982, vieram em peregrinação a Fátima …” faz-me um pouco de confusão. Confesso que carinhosa. O que é capaz de ser pior.Finalmente, lamento mas não encontrei (meu defeito?) a placa da Rua Vianna da Mota (à 24 de Julho, cerca da Interfranca). Não que aqui critique, que o livro não tem a obrigação de ser exaustivo – mas esta era uma boa altura para lembrar que enquanto a TAP apagou do seu avião o nome do último aluno de Lizt, trocando-o pelo do King Eusébio (que tudo merece, mas talvez não à custa de um Eusébio artístico), Maputo manteve a sua memória - talvez por razões outras, mas isso é para uma história da toponímia moçambicana.

publicado às 05:42

Carlos Alberto

por jpt, em 06.05.06

Deste "Recordações de Lourenço Marques", livro de fotografias de Carlos Alberto Vieira (Lisboa, Alêtheia, 2005) sobre a Lourenço Marques colonial (imagens recolhidas entre 1945-1975), já o Eduardo Pitta disse de sua justiça. Um álbum pobremente editado. (Convém mesmo ler o texto de EP). Apenas sublinho o penoso que é ler o seu preâmbulo, redacção chorosa que desmerece o património fotográfico que se lhe sucede.

Ainda assim o livro chegou às livrarias, está aí à venda, e justifica-se. Uma memória da cidade e de um grande fotógrafo. A Lourenço Marques branca ali deixada. E, assim, também memória de um olhar. Delimitado e delimitador. Coisa do seu tempo? Decerto, mas se então total espartilho do fotógrafo se hoje dos actuais organizadores, apenas "recordando", não o sei.



Em 167 páginas (as fotografias não estão nem datadas nem numeradas) realça-se a total ausência da outra Lourenço Marques, a não-branca. Do "todo o resto", como se então insignificante, sobra esta (pobre) fotografia e uma vista aérea de um trecho de caniço. Mas também muito pouco surge para além do registo do centro típico, paisagístico, monumental. Ou seja, a cidade-burguesa, o cerimonial oficial, o cartaz turístico/identitário, muito "aqui também é Portugal" - tudo isso é interessante, muito interessante mesmo, fundamental para quem quer conhecer ou recordar. Mas terá sido só isso que Carlos Alberto recolheu na cidade? Onde andarão fotos de Malhangalene ou Alto-Maé, p.ex.? Pois assim a sociedade branca (e o seu urbanismo) está também ausente do livro - é uma recorrente cosmética, a sociedade colonial como se homogénea: o idílico colono, em tons "africanos", desprovido de conflitos, hierarquias e diferenças. Elucidativo da lente. Repito, se de então se de hoje fico na dúvida. Esta causada pelos estreitos critérios de selecção de fotografias e/ou por inexistência de texto explicitando que critérios assumidos e enquadrador, tanto da obra do fotógrafo como da agora selecção realizada.

publicado às 08:41

Maputografia

por jpt, em 28.04.06
[António Sopa, Bartolomeu Rungo, Maputo-Roteiro Histórico Iconográfico da Cidade, Centro de Estudos Brasileiros, 2006, 56 pps.]

Surpresa, a edição deste interessantíssimo livro (a muito contrastar com o habitual desprendimento de um dos autores num "tenho aqui um "folheto" para si"!!!) que julgo ainda não distribuído. O livro é fruto do trabalho realizado no ano passado, então destinado às exposições "Xilunguine, as origens da cidade" e "Percurso histórico da cidade de Maputo". Vasta iconografia, percorrendo as origens da povoação, passando pelo seu traçar colonial, até, e aqui muito se saúda, ao desenvolvimento do além-cimento. A cidade mesmo, sem os espartilhos conceptuais de outras abordagens iconográficas.

(c. 1880)

(1960-1970)


(1996)

publicado às 08:50

Maputografia

por jpt, em 22.04.06

["A Praça 7 de Março, com o coreto e os seus quiosques, era o centro das reuniões mundanas"; imagem reproduzida de A. Rosado, "Como Era Lourenço Marques Já 50 anos", Lourenço Marques, 1949, p.11]

António Sopa publica este artigo, "A Velha Praça", no jornal Savana, edição de 21 de Abril. Aqui o reproduzo. Pelo seu interesse histórico. Mas também secundando a sua opinião: entre um pouco mais urge reinstalar o "mercado do pau". E valorizá-lo.

publicado às 23:30

Maputografia

por jpt, em 28.03.06
Aqui transcrevo artigo publicado no jornal Domingo (19 de Março de 2006), uma extrema peça de maputografia, da autoria de Guilherme Cabaço.

Restaurante Costa do Sol: história, respeito e carinho



publicado às 13:07

Um belo postal, não-identificado. Anterior a 1911, como se reconhece pela inscrição manuscrita. Uma bela oferta do Marco. O qual se apresta para proporcionar grandes surpresas (e prazeres) aos leitores de blogs. Fico à espera.

Adenda: Machado da Graça acaba de deixar comentário a corrigir imprecisão, o qual aqui coloco pelo seu interesse: "O edificio chamava-se Predio Capitania mas creio que apenas por ser perto da dita cuja. Não creio que esses serviços alguma vez lá tenham funcionado. A sua última utilização, se bem recordo, foi como "casa de meninas"."

publicado às 20:40

O Balcão

por jpt, em 28.10.04
O edifício dos Correios de Moçambique, na 25 de Setembro, é um dos mais antigos de Maputo. Brilha numa Baixa algo descaracterizada nas últimas décadas e que actualmente sofre alguma desqualificação, talvez inexorável, pois o centro da cidade dela se vai afastando. Até ao longo da própria avenida, algumas centenas de metros apenas, com a zona da FACIM animada durante os últimos anos por via de novas construções de uma arquitectura anódina.


Também por isso a manutenção do edifício dos Correios, bem como o muito similar que alberga a Biblioteca Nacional, assume particular importância, a preservação de uma memória arquitectónica, de uma identidade histórica da cidade.

Mas para além disso a sede dos Correios tem uma componente belissima. A sua enorme sala de atendimento é ladeada por dois antigos balcões em madeira, peças únicas e que lhe dão um insubstituível carisma.

Pois soube-se agora que uma parte de um dos balcões vai ser removido para possibilitar o acesso a uma sala pública de internet, a instalar.

O pressuposto é óbvio. Há a consciência da importância histórica, e até da beleza dos balcões. E da importância da sua manutenção. Mas esta não implica a sua completude. Ou seja, a ideia de que o património (identitário) se mantém ainda que fragmentário. Um compromisso letal, que assume a parcela como a coisa-em-si. Compromisso que não sente a estética, que não entende a função. Compromisso que desvaloriza os itens a preservar e que, em última instância, os condena ao desaparecimento, num futuro dia em que serão desvalorizados porque inúteis e, exactamente, fragmentários.

Pois um diferente, e mais esclarecido, entendimento do que é uma peça patrimonial poderá salvar a integridade destes balcões. Que um dia poderão orlar uma sala de visitas ou até núcleo museológico dos correios moçambicanos. Que por enquanto aconchegam e servem os utentes.

Os correios têm instalações amplas. Decerto que com alguma imaginação poderão encontrar uma opção, fácil e barata, para outra via de acesso à muito bem-vinda sala pública de internet.

Consta que nos finais dos anos 1980s houve um projecto de remoção destes balcões. Então os alunos de Arquitectura intervieram, assumindo a sua manutenção como causa. Será que os arquitectos de hoje e alunos de ontem ainda terão tempo e paciência (e energia) para colaborar numa outra solução?

publicado às 22:41

Maputo. Desenrascar a Vida

por jpt, em 10.10.04

Nelson Saúte (org.) Maputo. Desenrascar a Vida, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses / Ndjira, 1997

Confesso que por este livro tenho um particular carinho. 123 fotos que nos dão o Maputo que vive, que se "desenrasca" claro está. Uma cronologia da cidade dada pelo António Sopa. Belos textos do Nelson Saúte. Um livro muito bem conseguido.




("Retrato de Mulher", foto de Ana Rodrigues, 1994)
Há anos esgotado. Há anos procurado. A reeditar, claro. Uma reedição que será complexa. Pois um editores desapareceu: a Comissão dos Descobrimentos. E quem assegura o seu espólio? Seus direitos? Mas talvez mais causas existam para tal inércia.

Mas seria tão racional (e lucrativo?) juntar todos os intervenientes e dar uma 2ª a tão bela edição.

publicado às 23:51

Praça 7 de Março

por jpt, em 29.08.04

"Lourenço Marques, Praça 7 de Março". Edição de Santos Rufino (1928).
Nota: terça-feira, dia 13, no Varieta passaria "Danger Girl" com Priscilla Dean; no dia 20 seria "O Inferno" de Dante Aligheri.
[doação de António Botelho de Melo]

publicado às 11:16

Avenida 5 de Outubro

por jpt, em 29.08.04

Edição de Santos Rufino (1928).

[doação de António Botelho de Melo]

publicado às 10:25


Gare da Estação Central dos Caminhos de Ferro, Maputo (ex-Lourenço Marques). Postal editado por Santos Rufino (1928).

[Doação de António Botelho de Melo]

publicado às 10:20

Condutor de "ricshaw"

por jpt, em 29.08.04

 

Condutor de "ricshaw". Postal editado por Santos Rufino (1928), série "Tribos Nativas, Hábitos e Costumes".

 

Excelente exemplo da criação de um imaginário.

publicado às 10:15

Rua Consiglieri Pedroso

por jpt, em 29.08.04

Rua Consiglieri Pedroso (Main Street), Maputo (ex-Lourenço Marques). Edição de Santos Rufino (1928).

publicado às 09:33

Jardim Tunduru (ex-Vasco da Gama)

por jpt, em 29.08.04

Leitor e amigo, António Botelho de Melo ofertou ao Ma-schamba alguns exemplares originais dos postais de Santos Rufino. Vale a pena ter um blog. E amigos. Nem vale a pena reforçar os agradecimentos diante de tamanha oferta.
Aqui vai o primeiro exemplar, acompanhando ainda saudação para o Sépia, também adepto destas maravilhas. Eis o antigo jardim municipal Vasco da Gama, hoje jardim Tunduru.

publicado às 07:44

"A Baía de Lourenço Marques em 1889"; Autoria: Alberto

publicado às 00:42


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