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Começam hoje as comemorações das três décadas de programas de cooperação [ajuda pública ao desenvolvimento] entre Moçambique e a União Europeia, organizadas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação nacional e pela delegação da U.E. em Maputo. Ao fim da tarde no cinema Scala, às 18.30, será estreado um documentário moçambicano, produzido pela PROMARTE (de Sol de Carvalho) e realizado por Fábio Ribeiro, sobre essa cooperação, "Os 5 elementos: 30 de cooperação". Diz quem já o viu que está bem interessante.

 

Será interessante ir(mos) lá. Neste (ainda) novo milénio o discurso e a prática da "Ajuda Pública ao Desenvolvimento" tem-se alterado. Tanto pelas implicações dos diversíssimos processos nacionais como pela emergência de poderosos novos interlocutores com os países ACP. Os quais têm, com toda a naturalidade e legitimidade, diferentes objectivos e metodologias nas suas relações com estes países. Mas que não serão exactamente "desenvolvimentistas", no sentido mais conceptual dado ao termo, estarão mais atreitos aos modelos de "crescimento económico" mútuo.

 

Há quem, como eu, acredite no valor "desenvolvimento", ainda que ciente da sua dimensão humana, donde imperfeita. Assente nas ideias da democraticidade (e democratização), da tendencial equidade, e da sustentabilidade (sociológica e ecológica). Quem assim pensa tem agora, hoje ao fim da tarde, uma excelente ocasião para ver neste documentário a(s) voz(es) moçambicana(s) sobre esta articulação desenvolvimentista entre as instituições da União Europeia e as de Moçambique. E assim alimentar uma reflexão sobre o futuro.

 

Sei que há sempre muitas críticas aos interlocutores. Convirá pensar que em termos de "cooperação" a União Europeia tem sido um grande interlocutor do Estado moçambicano. Em meu entender com vantagens, para além da ideologia que acima referi. O facto de não ser uma cooperação bilateral (entre dois estados) implica uma maior abrangência e um desligar de interesses nacionais dos doadores (aquilo a que em tempos se chamou "ajuda ligada"), e isso é muito benéfico.

 

Convirá também recordar que Moçambique tem sido um grande receptor de ajuda europeia. Às vezes isso é um pouco ultrapassado no discurso interno, saudavelmente valorizador das capacidades endógenas. Mas convirá recordar uma dimensão fundamental nesse processo destas três décadas. A da extraordinária capacidade de absorção dessa ajuda, ou seja, a capacidade institucional do Estado (e da própria "sociedade civil") em articular e desenvolver projectos (sociologicamente) infraestruturais de enorme complexidade. Aquilo a que poderemos chamar uma auto-capacitação institucional, verdadeiramente louvável.

 

É isso, como democrata português e europeu, suavemente europeísta, e nada suavemente apaixonado por Moçambique, que me apetece agora ir festejar. Celebrando estes trinta anos de cooperação, através deste programa cultural que abaixo replico ["clicando" duas vezes na última imagem o programa das comemorações engrandece, ficando muito legível].

 

Até lá, espero.

 

 

 


   

publicado às 10:25



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