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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Encarnei em Robinson Crusoe pós-moderno e vim refugiar-me numa ilha. Sem Sexta-Feira mas repleta de nativos excêntricos. Cruzamo-nos nos passeios matinais e a conversa vai muito para além do bom dia circunstancial. Dizem-me bem-vinda, indagam de onde venho, querem saber o que podem fazer para me tornar a vida agradável, dão dicas de bom viver na ilha. O traje parece ser o chique desleixado de quem já acumulou a riqueza que precisa “para viver fora do sistema”. Trocam-se receitas vegan, comentam-se os diferentes métodos de fazer “compost”, sugerem-se trilhos interessantes, indicam-se os locais onde despontam novos cogumelos ou bagas silvestres, combinam-se encontros para convívio dos respectivos animais de estimação, revelam-se moradas de novos canis no México com animais para adopção. Sorriem-me com simpática tolerância, sem entenderem a minha confusão; como explicar os sítios de onde venho a quem vive nesta bolha de abundância e bem estar? Sorrio de volta, encantada com tanta novidade, abotoo melhor o meu casaco de cabedal e dou mais uma chupadela no meu cigarro. Coisas que me permitem porque eu, afinal, venho de Melmac... Já disse que estou a adorar estar aqui?
AL(F)