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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Tudo (toda a imprensa) o indica, esta será a primeira semana do novo governo português, o regresso do PS ao poder, em modalidade de governo minoritário. Daí este meu segundo lugar, coisa que poderia interessar. Há alguns dias o nosso presidente teve uma intervenção canhestra, pois enquanto adiantou que havia partidos ingovernamentais foi apelando à rebelião no PS, um tratado de impolítica - deveria ser óbvio que isso apenas implicaria a congregação das tropas alheias. Mas a presidencial alocução teve um efeito entre vários amigos meus (falo dos reais): levou-os a botar por todo o lado, em modalidades de viva-voz, texto, imagens, auto-produções ou partilhas, veementes críticas ao presidente por considerar este que havia partidos democraticamente sufragados sem direitos à participação do governo (o BE, o PCP, e até aquilo dos "Verdes"), como se isso fosse uma menorização inaceitável, mesmo uma infantilização. Muito bem, muito democráticas as reacções.
Agora está aí à vista o novo governo. Já disse que não espero nada de escatológico, será coisa para nós normal, para além de perfeitamente legítima. Só me intriga uma coisa. Será um governo minoritário, só com o PS, proposto para uma difícil legislatura. Um suporte minoritário algo mais frágil do que os anteriores minoritários, dado que o PS foi apenas o segundo partido mais votado. E os partidos que o apoiarão no parlamento não entram no governo. Perfeitamente legítimo, nada a obstar. O que me intriga são os tais meus amigos (falo dos reais). É que esta é uma coisa que lhes poderia interessar. É que não os vejo a botarem falas, textos, imagens, auto-produções ou partilhas, criticando o facto dos tais partidos não irem para o governo. 4 anos de um governo do segundo partido mais votado? Sem que os apoiantes estejam também no governo? Não é isto uma menorização inaceitável, mesmo uma infantilização?
Ou seja, têm cabimento num parlamento mas não no governo. Afinal, teve Cavaco Silva razão? Pelo que concluo da actual desazáfama dos meus amigos (falo dos reais) teve-a. Mesmo que daquela forma canhestra, como nele sempre foi habitual.