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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Fui mais vezes ao Porto neste 2015 do que no meu anterior meio século, isto apesar de filho de portuense. Coisa de por lá ter coadjuvado uma disciplina num mestrado. Foi maneira de voltar ao meu pai, claro. Mas também de aprender a cidade, de saber amar o Porto, uma tarefa que apenas iniciei e para a qual ainda me faltará algum caminho. Fui sempre muito bem recebido, "terra de boa gente" julgo ter ouvido dizer que assim lhe chamam.
Um desses dias colega cicerone levou-me à obrigatória Ribeira e depois fez-me escalar uma enorme escadaria, tortuosa, bela. E bem íngreme para este fumador. Ao cimo dessas "escadas do Barredo", usufruindo a vista perguntei se aquilo era costume, se levavam todos os visitantes e a mole turista por aquele morro acima. Que "não", disse-me, que também não subia aquilo há décadas. Ri-me num "fui praxado". E continuámos a calcorrear a cidade, ainda que eu assim passado a trôpego. Nisso encontrei loja de "souvenirs" para turistas, aquelas das camisolas do Cristiano Ronaldo e dos Galos de Barcelos. Entrei e, para riso espantado da minha companhia, perguntei se tinham t-shirts com o obrigatório dístico "Eu subi as escadas do Barredo". A vendedora, dona de sotaque e tudo, nunca ouvira falar, nem de tal t-shirt nem da própria escadaria. Sorri-me, nisso até anunciando uma veterania, vera minha condição de portuense, mulato portuense-transmontano a bem dizer ...
Passado algum tempo a cicerone manda-me esta t-shirt, de sua autoria (desenho e estampagem). Um exemplar único que aqui mostro todo ufano. A sonhá-la o meu contributo, bem menor, para a cidade. E também minha reclamação da condição portuense.