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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Nada a comentar sobre a hecatombe acontecida, para sempre dita Mineirazo, a superioridade do drone germânico no "país tropical". A sua narrativa perdurará bem mais do que o próprio futebol.
Mas realço a transmissão televisiva. Neste mundial-2014, tal como nos largos últimos anos, a tv coloca o público presente nos estádios como actores constantes - e a introdução de ecrãs gigantes nos locais convocou a interacção destes com o público global televisivo, "exigindo-lhes" brevíssimas explosões para que todo o mundo os veja acenando, em cumes de fruição. As câmeras vasculham as bancadas, mostram as moles esfuziantes, os adeptos mais pitorescos (numa actualização do "folclore") e as adeptas mais vistosas e apetitosas ("belo plano", disse um dia o excelente locutor Rui Tovar, agora falecido, quando a transmissão mostrava uma bonita adepta).
Ontem? O contrário. Enquanto o metrónomo de Joachim Low devastava a atrapalhada selecção anfitriã, a realização (brasileira, decerto) ausentou-se da "moldura humana". Uma criança chorando ao 0-3, uma adepta espantada (de boca aberta) ao 0-5, uma balzaquiana chorosa por aí, nada de alemães festivos (um brevíssimo plano aos 0-7). A completa censura à alegria alemã. A completa higienização do espectáculo, extirpado do drama in loco sentido pela afición brasileira. A mostrar o quão encenado tudo isto é. E como são políticos estes eventos.