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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Vêm aí eleições em Portugal. Presidenciais, das quais já se fala muito, mas também (e sobretudo) legislativas. Emigrante torna-viagem e recenseado aqui na vizinhança poderei votar, algo que não faço desde o século XX. As dúvidas não são muitas. Depois de algumas décadas de colonização do estado por feixes plutocráticos, o gasganete apertou-se. E o "affaire syriza" mostra bem o quão impotentes são os populismos d'agora (por enquanto, pelo menos). O problema não estará bem no ajuizar do passado recente (triste, gasto). Mas muito mais no "Que fazer?" (qual Lenine), o que fazer daqui em diante. Os consulados cavaquista e guterro-socrático bolinaram face ao desenvolvimento do país. Depois, na atrapalhação, foi cortar cerce na gente que trabalha (aqueles que pagam impostos) e nos reformados - nos rendimentos do trabalho, que é como se pode dizer. Agora convém mudar, continuar com o gasganete apertado mas prejudicar outras vértebras.
Pois é esse o modelo civilizacional europeu, a promoção da equidade, de uma redistribuição que não deixe a sociedade hierática (não, o "modelo civilizacional" não são as "questões de costumes" como dizia o pobre Manuel Alegre, o vácuo que a esquerda portuguesa andou a desfraldar no socratismo). Então para que a gente se lembre do que se trata quando contra a plutocracia estatófaga (que raio de termo) deixo um cartaz, do Partido Conservador britânico para as eleições de 1929, fazendo valer os trabalhos do seu governo, sob o resiliente Stanley Baldwin - não, não é um projecto socialista.
Salvaguardadas as diferenças conjunturais, a Europa, para além de uns livros, uns museus (e cafés, disse Steiner), e uns cineastas emigrados para os EUA, não é nada mais do que isto. (Re)Faça-se.