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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
A minha antipatia com o popular Manuel Luís Goucha prende-se com o facto de o ter visto apresentar o programa da manhã na RTP, durante anos transmitido em simultâneo na RTP-África: o que era prova da total desistência desse canal (ainda existe a RTP-África?), tão óbvia era a desadequação daquilo para um programa direccionado para os públicos dos países africanos. Mas assim fico obrigado a dizer que se a minha irritação era com Goucha a culpa era-lhe estranha, aquelas direcções de programas é que não tinham tino. Ainda assim não higienizo em demasia, Goucha vale o que vale, e o ordinário que vale escreveu, estupefacta e desagradada, a Ana Leão aqui e muito bem.
Apesar disso tudo que saia uma juiza a dizer em sentença oficial que o homem é passível de ser dito "apresentadora" por "ter atitudes e roupas coloridas, próprias do universo feminino" é uma boçalidade inadmissível. Goucha apresentará queixa ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Faz muito bem, "é de homem!" como se dizia nos tempos mais marialvas.
Vem isto tudo do homem ter metido em tribunal um programa que o nomeou para "melhor apresentadora do ano", um peido a julgarem que era humor. No "5 Para a Meia-Noite". Vi este programa há um ano e tal, um único episódio, um lixo infecto na linha dos programas humorísticos-comentatórios entre a política e a bola que grassam na tv, na prática herdeiros da tralha anos 90s que era "a noite da má-língua", e que os infectados burguesotes lisboetas adoram (é vê-los falarem dos eixos do males e dos governos sombras). Na altura vi o tal "5 para a meia-noite" porque me avisaram que lá estaria, em directo, o escultor moçambicano Gonçalo Mabunda, amigo e excelente artista. Liguei e encontrei-o deitado numa cama, sob os lençóis, acompanhado por outros dois seres de aparência humana (um seria um tal de Markl, se não estou em erro). Mabunda, aqui em Lisboa meio atrapalhado, lá estava, a fazer o que terá pensado ser necessário fazer na terra dos boçais tugas ("em Roma sê romano"). Quando vociferei no meio dos meus amigos lisboetas sobre aquela abjecção todos me respondiam em sinal contrário, que o programa era bom - tudo gente saído das universidades, letrados, alguns até académicos, entre o doutores-engenheiros-mestres (d'obras artísticas). Reduzidos a isto.
Mais vale um Goucha que este eixo de mal-pensar todo.