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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
"Mais-velho, por que te irritas(te) tanto?" perguntam-me colegas-amigos, até incompreendendo o meu haddockismo espontâneo, como se ontológico. E eu, ali de boca seca, depois de tanto perdigotar e sem Loch Lomond à mão de semear, perdão, de beber. Assim sem conseguir meter em palavras a ira diante dos flibusteiros engalanados. O estatuto tudo permite?
"Mais-velho, por que te irritas(te) tanto?", trago para casa. E os ecos da "lecture" que acabo de receber, como se dela necessitasse, sobre a malevolência colonial de "vocês, portugueses", para além da "nossa verborreia". Enquanto resmungo sobre isso de intelectuais a manipularem o sentido da iconografia (como posso eu dizer a um aluno que não deve plagiar se lhe meto à frente uma aldrabice fotográfica?) para que tudo caiba nas suas vontades e argumentos, vou gaguejando.
"Mais-velho, por que te irritas(te) tanto?", trouxe para casa. E lembro-me da causa. Já a havia escrito no ma-schamba, há anos, neste postal sobre um livro de Katherine Mansfield. Onde encontrei, entre outras coisas, a "Descrição do ambiente pequeno-burguês alemão ... dissecado com ironia cruel que chega ao sarcasmo. Não lhe perdoa o arrivismo de ideias e maneiras ... E o grosseiro preconceito anti-britânico (a autora é neo-zelandesa e obviamente ali assimilada à Grã-Bretanha), sempre expresso na rudeza, até inconsciente, dos pequenos actos e ditos - denunciando o vigor do germanocentrismo, que logo provocaria a guerra mundial."
Pouco interessa as nacionalidades dos vícios de pensamento. "Mais-velho, por que te irritas(te) tanto?". Por me confrontar com o facto de que não tenho a perícia e a argúcia que Mansfield teve para borrar com sarcasmo os arrivismos flibusteiros. Só por isso. Resta-me, assim, o perdigotar.