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Os grafitis

por jpt, em 10.11.14

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O lamentável affaire Análise Social vai evoluindo. Um erro grave do director da instituição, em verdadeira falha democrática. Pois a democracia é mesmo isto: temos que aceitar aquilo de que não gostamos e o que com que discordamos, não há volta a dar-lhe. Desde que seja legal, claro. E, depois, protestamos e/ou explicitamos o nosso apartar de águas, se realmente acharmos necessário. Ou produtivo. Por isso mesmo se gerou um protesto público de cientistas sociais que já conta com imensas assinaturas de vários países: está aqui. Fui ver e lamentei não ver nenhuma assinatura de colegas moçambicanos, talvez por desconhecimento, talvez por desinteresse com as coisas lusas (eu não posso assinar, pois ali se requer a filiação institucional e estou desempregado).

 

Mas enfim, erros há sempre, leio no Público que é provável uma decisão colegial interna no Instituto de Ciências Sociais que faça sair a revista. Melhor exemplo de funcionamento institucional democrático não haveria: decisão errada, protesto público, consulta colegial, reversão. Pareceria um manual de ciência política.

 

Entretanto vi uma série de colegas (e alguns dos meus melhores amigos) partilharem imensos "grafittis" (assim, em estrangeiro como é aqui usual) portugueses de incidência política, adversos ao governo, aos capitalistas e a estes banqueiros que assaltaram o país (e esta vai sem ironia). É normal que assim seja, que assim façam. A gente não tem outra forma de olhar o real, temos que o seccionar (bisturizar, gosto de dizer), de escolher o que nos parece relevante para o que queremos dizer. Mas tem riscos, isto de tomar a parte (a "partinha") pelo todo.

 

Mas para além dessas questões epistemológicas, e porque solidário com a causa democrática - e ainda por cima antigo aluno de João Pina Cabral, o director da revista atingido por esta cena toda, por quem tenho muito respeito intelectual e também amizade, a possível entre quem se vê de década a década  - saí às ruas lisboetas com o meu blackberry para captar imagens para utilizar neste protesto em rede, mostrando os grafitis (assim, sem duplo "t") políticos que preenchem a cidade denotativos da repulsa popular pelo avatar neo-liberal que nos domina.

 

Só encontrei coisas destas, pura poluição visual, que emerda Lisboa e arredores.

 

Decerto que o meu bisturi analítico deve estar embotado. Ainda assim partilho as imagens. A minha maneira de deixar um abraço ao director da Análise Social. E de expressar o meu apreço pelos órgãos colegiais do ICS quando, quando repito, tomarem a única decisão possível.

 

Quanto à cidade continuará cagada com vem estando. Até porque estas demonstrações pictóricas são sumamente significantes, identitária e artisticamente. E porque, como dizia o Bloco de Esquerda quando existia, "é proibido proibir".

 

publicado às 12:31



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