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Portugal já não é um país.

por mvf, em 15.11.14

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À Operação Furacão, ao caso  BPN, ao caso BPP, à Operação Monte Branco, ao caso BES/GES ou GES/BES, para referir as escandaleiras criminosas mais recentes e não mencionando outros gamanços e moscambilhas que ao pé de tudo isto não passam de uva mijona, de pecadilhos menores (mesmo não o sendo em absoluto), como os truques com os já distantes dinheiros do Fundo Social Europeu, o caso gastronómico dos robalos e da sucata com Armando Vara, um ex-ministro de Portugal depois arvorado em banqueiro e condenado por se ter pendurado no anzol ferrugento de um sucateiro, ou os casos académicos da Universidade Moderna e da congénere Independente, cursos superiores feitos a martelo, por correspondência ou qualquer outro método só ao alcance dos mais espertos e expeditos, luxos imobiliários ou motorizados com explicações mal amanhadas, tachos que mais parecem panelões em que prevalece o salto de trampolim do compadrio por troca com méritos provados, favorecendo naturalmente familia e amigos ou comparsas do partido (aqui leia-se no plural), e  tantas medidas políticas que beneficiando uns tantos, geralmente os mesmos, enquanto prejudicam todos os outros, geralmente nós,  esquecendo o bem comum e hipotecando quase sem remissão o futuro de Portugal,soma-se agora conhecimento da ponta visível do icebergue de matéria viscosa e mal-cheirosa da maior vergonha nacional, pela acção e envolvimento das ilustradas pessoas para já detidas pela Polícia Judiciária e pelas ligações perigosas que nos dizem terem. A vigarice passa-se nos VISTOS DOURADOS, também conhecidos em Português saloio por Golden Visas que, coitados, não têm culpa no cartório (pelo menos no paroquial porque nos outros não sabemos...) porque essa é somente dos alegados criminosos que, como se vai vendo, enxameiam a hierarquia do Estado. O negócio que poderia trazer eventuais benefícios para o país tornou-se rapidamente numa enorme vigarice que entra por alçapões cimeiros do Estado dentro e que mina profundamente a pouca confiança que restava nas suas instituições. No entanto, e parecendo um contra-senso, tenho impressão que a malta ainda não se apercebeu da gravidade de tudo isto. Vejam-se as ligações dos putativos autores da(s) golpada(s)  - o director nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Palos, o presidente do Instituto de Registos e Notariado, António Figueiredo, a secretária-geral do Ministério da Justiça, Maria Antónia Anes - a ministros, ex-líderes partidários, os favores solicitados por Figueiredo ao amigo director do SIS, Horácio Pinto e que este não desprezou, e não é preciso grande esforço para perceber que isto está de pantanas. A culpa não é da ocasião que faz o ladrão, é deste que se aproveita daquela.

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Olhando para isto tudo sem qualquer pretensão moralista ou outra e sim triste, muito triste, por toda esta indecente choldra decadente continuar a aparecer nas televisões e jornais como se nada fosse com eles, sacudindo a água, ou melhor, a lama dos capotes de boa fazenda, emporcalhando definitavamente o nome da gasta Pátria, esquecendo quem representam. Só por isto que não é pouco, teria de ser inventado um correctivo exemplar para gente tão miserável. A estes fiéis servidores da coisa pública juntam-se ainda outros rapazes de fino recorte que, pela natureza da medida que depressa passou a esquema mafioso, vieram de fora. Isto é o pouco que sendo imenso se vai sabendo agora. Pode bem acontecer que inadvertidamente alguém puxe pelo cordel e se desmantele o castelo de cartas de um baralho viciado. E a dúvida que só um incauto apelidaria de infundada instala-se, ficando no ar a noção que pode não chegar a haver grandes, pesadas, penalizações para os prevaricadores - um eufemismo, está bem de ver.

Portugal deixou de ser um país, já nem sequer consegue ser um lupanar de 2ª categoria. Portugal é um lugar desesperado, um caso de polícia. Mas de polícia internacional.

publicado às 19:19


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