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O Acordo Ortográfico em 2015

por jpt, em 09.08.15

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Tese sobre o Acordo Ortográfico de 1990, apresentada ali para a zona da EXPO-98, em Lisboa, Julho de 2015.

 

publicado às 10:46

A CPLP e o Acordo Ortográfico

por jpt, em 26.06.15

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No Delito de Opinião um texto obrigatório de Sérgio Almeida Ribeiro. Sobre a trapalhada na reunião de um organismo da CPLP provocada pela aceitação do Acordo Ortográfico. Para quando a reversão deste tardo-colonialismo socialista?

 

publicado às 23:01

No feedly (35)

por jpt, em 06.06.15

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Moçambique 40 anos 4 fotógrafos, no Alexandre Pomar.

 

A (última) carta de Virginia Woolf, no O Homem que Sabia Demasiado.

 

O Acordo Ortográfico e sua ideologia, ditos no Abencerragem.

 

A (já longa) série de textos agregados sob o título "Grécia Antiga" no Delito de Opinião, cruel iniciativa de Pedro Correia lembrando o vácuo patois dos opinadores portugueses dedicados ao estado da arte europeia. Imperdível.

 

Sobre isto do blogar, no Depressão Colectiva.

 

Bravura, no Ana de Amsterdam.

 

Tolerância é inteligência, pois "A pior coisa que uma pessoa pode fazer pela sua postura, é entregá-la empacotada como um julgamento moral", no Cantar das Miríades.

 

e

 

O corpo barroco de Orson Welles, uma hora de conversa com Lauro António sobre o cineasta, no À Pala de Walsh.

publicado às 18:06

No feedly (34)

por jpt, em 30.05.15

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- A apresentação de "Nau Negra" de Fernando Relvas, enquanto não é publicado o livro, no Divulgando Banda Desenhada

 

- Irracionalismo: uma muito interessante reflexão sobre "Uma arquitectura diligentemente empenhada em oferecer ao visitante o êxtase perante a sua própria obesidade.", no A Barriga de um Arquitecto.

 

- Afurika monogatari (1980), de Susumu Hani e Simon Trevor, no À Pala de Walsh: a fazer(-me) conhecer Hani, cineasta japonês.

 

- Luz e Som, um delicioso texto sobre a nossa visão e a nossa audição, no De Rerum Natura.

 

- Atul Gawande: uma ciência com sentido: excerto de uma poderosa reflexão sobre o envelhecimento, no A Dignidade da Diferença: " ...A nossa relutância em analisar honestamente a experiência do envelhecimento e morte agravou o mal que infligimos às pessoas e negou-lhes os confortos básicos de que mais necessitam ..."

 

- The Shooting: viagem ao coração da noite, (Monte Hellman, 1966), um belo texto sobre o filme e sobre o universo western, no À Pala de Walsh.

 

- Eugénio Lisboa Contra o Acordo Ortográfico, no Provas de Contacto.

 

- Populismo Cultural, no O Fragmentário.

 

- Irrelevâncias 6, sobre o hábito de publicar livros de discursos presidenciais, no Herdeiro de Aécio.

 

 

Surviving an Alcoholic, sobre a viuvez no New York Times.

publicado às 10:29

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Nataniel Ngomane é o actual presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa, organismo sediado em Maputo e doutorado em Literatura, tendo estudado no Brasil.

 

NOTA: Encontrei este dístico no facebook. Assim sendo não tenho a referência relativa a estas declarações. E, falando francamente, sobre este tipo de suporte nunca se pode afiançar da sua veracidade. Mas conhecendo a clarividência do Nataniel Ngomane estou crente que corresponde ao seu pensamento.

 

Adenda: RH deixou nesta caixa de comentários o local destas declarações, retirando qualquer sombra de dúvida - constam de uma entrevista concedida ao sitio da União de Escritores Angolanos.

publicado às 09:03

Do vigor do aborto ortográfico

por mvf, em 14.05.15

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Com a entrada em vigor da imbecilidade, perdão do Acordo Ortográfico, o que acima se vê* seria impossível, uma ilegalidade. Falo, obviamente, do "pára" que hoje se escreveria obrigatoriamente "para". Quanto ao resto é toda uma outra conversa se bem que "Ninguém Para Portugal" pudesse ser uma boa alternativa.

 

* fotografia que fiz na noite de eleições legislativas de 1987 

publicado às 16:23

Acordo Ortográfico em debate - "Opinião Pública", SIC-N, 13-mai-2015 from José Ribeiro e Castro on Vimeo.

 

Diz Nuno Pacheco sobre o AO90 "quis-se, com espírito imperial" e o resto do debate é apenas a explicitação disso.

 

A ambivalência de Ribeiro e Castro "centrista nesta matéria" apresenta-se, é óbvia, se se pensar numa atitude política face ao facto do acordo, apesar de o pensar pejado de erros. Mais uma vez, onde estão os defensores do AO90? Alguém que surja em sua defesa sem que na sua génese tenha participado?

publicado às 09:07

Acordo Ortográfico 1990

por jpt, em 13.05.15

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Notícias anunciaram que hoje seria a data que tornaria "obrigatória" a utilização do AO90 em Portugal. Um artigo no Público contesta essa versão, remetendo para Setembro de 2016 essa "obrigatoriedade". Sobre a pantomina que é esse acordo já aqui botei e ecoei muitas vezes [basta consultar a "categoria" Acordo Ortográfico]. 

 

Em Portugal o AO90 tem sido alvo de grande oposição: escritores (os tipos que mais projectam reinventar a língua escrita), académicos, jornalistas, e movimentos populares - há pouco foi entregue na Assembleia uma petição subscrita por uma enorme quantidade de cidadãos. E é defendido por pouca (e cada vez menos) gente. O que é interessante, ultrapassando esta questão gráfica, é notar como os poderes estatais torneiam esta óbvia recusa das "forças vivas" e vão deixando "correr o marfim" nesta questão, exemplo máximo de menosprezo pela voz activa extra-partidária.

 

Sobre o assunto António Guerreiro escreveu um bom texto (algo que lhe é habitual) há cerca de quinze dias. Está lá muito do que é necessário lembrar. E combater:

 

 

"Todo o processo de engendramento e implantação do Acordo Ortográfico de 1990 só tem paralelo nas experiências agrícolas de Lissenko: a ortografia, como o trigo duro, tem de se vergar às miragens de uma ideologia (que tem nome de “lusofonia”, mas é muito mais do que ela) e conformar-se aos desígnios de políticos e cientistas pioneiros, ditos linguistas, mas que são na verdade agentes de uma ciência politizada. Juntos, gritaram em coro, antes de perderem o pio: “A ortografia é a arte plástica do Estado”. Quem lê jornais, escritos públicos e documentos oficiais percebe que está instalada a anomalia ortográfica (em meia hora de televisão, no dia 25 de Abril, li dois “fatos” em vez de “factos”) e que a aplicação do AO90 é tão desastrosa e tão contrária aos efeitos pretendidos (temos agora três normas ortográficas no “espaço lusófono”) como a agricultura de Lissenko. E é já tão paródica como ela. O que é irritante é que toda a verdade de facto exige peremptoriamente ser reconhecida e recusa a discussão. Por isso é que os políticos com responsabilidade nesta matéria e o respectivo braço armado científico (os cientistas pioneiros do laboratório linguístico de onde saiu o AO90) recusam sair a público e discutir os resultados da sua bela obra: mostram-se às vezes irritados com o ruído da paródia. Mas apostam no silêncio, à espera que das intervenções genéticas no trigo duro nasça, se não cevada e centeio, pelo menos erva para forragens."

publicado às 02:14

Os erros dos professores

por jpt, em 07.08.14

 (Matola-rio, Junho 2014)

 

Houve uma avaliação aos professores em Portugal. Não faço a mínima ideia do seu conteúdo ou qualidade. Apenas leio uma notícia com o título "Maioria dos professores deu erros [porventura o jornal quereria dizer "errou"] de português na prova da avaliação", "ortográficos [de ortografia?], de pontuação [pontuativos?], de sintaxe [sintácticos?]". O breve título é repetido no DN, no JN e no Público, deixando adivinhar alguma origem que lhes é estranha, talvez até oficial. Enfim, bastará o seu coloquialismo e a ilógica presente nas poucas cinco palavras que descrevem os erros acontecidos para provar que isto de escrever português é um martírio. Infelizmente não há notícias sobre hipotéticos erros em matemática, química, desenho, história ou outras quejandas coisas.

 

Como os visitantes do blog bem sabem cometo falhas ortográficas. Não muitas, mas algumas: ainda há pouco foi um "insonso" que me valeu insultos de visita discordante, ... E esforço-me, sempre atrapalhado com isto dos hífens, e agora ainda mais devido à tralha ortográfica, sempre entre o dicionário e o google. Quanto à sintaxe e à pontuação é melhor nem falar, uma constante trapalhada - esta tendência de virgular cada arquejo, para travessar cada meneio. Por isso estou solidário com os colegas erradores.

 

E espero que não levem purrada.

publicado às 06:52

 

(Inhambane, Hotel do Tofo, Janeiro 2010)

 

Em defesa da fonética lusófona, a da "pronúncia educada" ...

publicado às 21:22

O espelho do léxico

por jpt, em 01.06.14

Para quem vive longe custa ver como, enquanto os patrícios (e/i)imigram, o "país" se encerra sob si mesmo, no coro da inépcia da pequena-burguesia que vocifera, a mãozinha na anca, o falsete convicto, as certezas abespinhadas.

Estes dois pequenos exemplos lexicais são sintomáticos. Pois num país com décadas de lusofonice, entre os saudosistas que sonham a língua comum [se possível homografada] como o resquício possível da velha ordem colonial e os lusotropicalistas que se orgasmam a cada reviravolta lexical ou sintáctica a la Mia Couto, a reacção que houve a estes dois textos é intoxicante, mostra bem o putrefacto reinante.

Foram meses da rapaziada e raparigada mais à esquerda (mas não só) a gozarem com o "inconseguimento" avançado por Assunção Esteves. Vivendo num país onde o "desconseguir" é do quotidiano (e até simbólico) e vindo de um outro onde a "incapacidade" "inábil" tanto "desfaz", todo esse coro mui cioso da pureza da língua (intervalando a crença nas virtudes do "grande espaço lusófono") servia-me qual "cada tiro cada melro" - cada gozador cada morcão, sem hesitação.

Agora surge António Costa num cartaz apelando ao "capacitar". Logo leio meia dúzia de resmunguices com o termo, algumas até vindas dos tais eixos profissionais/hobiescos (e lobiescos, já agora) "lusófonos". Vivendo há anos num país onde "capacitar"/"capacitação" é uso corrente, mesmo profissional e institucional, numa relativa deriva semântica do velho "capacitar" qual "compreender", todas as risadinhas piadísticas de agora parecem-me de mestres-escolas de pobre paróquia.

Muita abertura ao "mundo", ao "enriquecimento" mútuo da língua, etc e tal. Mas bem bem à superfície apenas o mesmo de sempre, agarrados às pobres courelas, entre montes, até dos vizinhos pastores desconfiando que esses vão até lá acima, nisso vendo um pouco mais.

(Já agora, no minuto e pico que acima reproduzo de Assunção Esteves, política com a qual não simpatizo, diz ela mais do que dias a fio de facebook português ou de sessões alvares dos actuais "parodiantes de lisboa" feitos comentadores políticos. E o vazio das reacções gozadoras incrementa-me o grau "frustracional". Face aos bimbos que adoram o futebolês e perdigotam com algo que não lhes caiba no pré-google).

publicado às 00:15

 

 

Um amigo meu, ilustre académico e homem de letras moçambicano, acaba de me enviar esta imagem que comprova a adesão de Moçambique (e da sua televisão estatal, a TVM) ao Acordo Ortográfico.

publicado às 12:31

Ontem, não sei bem como nem porquê, o meu computador imóvel (há quem chame a estes objectos "desktops", uma expressão tipo taparuére) encetou um processo de actualizações. Pelo sim pelo não concordei.

 

Hoje abri os documentos que estou a escrever [formato "word"]. Surpreendo-me, estão muito mais preenchidos de sublinhados vermelhos do que o habitual. Estou habituado a estes, o corrector ortográfico é implacável diante dos meus alguns erros ortográficos (p.ex. o "insonso" que deixei há dias num postal do ma-schamba). E face às palavras de "distinção" (o jargão académico que tende a tornar incompreensíveis os textos e, como tal, mais respeitáveis), essas que o também corrector desconhece [add to dictionary propõe, benevolente]. E reage ainda às minhas múltiplas hifenizações, convocadas pela constante confusão mental, esta assim disfarçando-se de nuances.

 

Mas agora é diverso. Pura e simplesmente aconteceu-me o que já ouvira e lera, o corrector assumiu o Acordo Ortográfico, sem que eu tivesse sido explicitamente questionado sobre a minha vontade. Ou seja um instrumento que eu comprei e que utilizo profissionalmente piora a sua qualidade, e terei que o utilizar com outras delongas e cautelas - só no primeiro parágrafo do primeiro texto há três falsos erros: reflectindo, actual, percepção. E eu tenho diante de mim (literalmente) centenas de páginas sob pavoroso atraso, vai ser um trabalho insano.

 

A minha repulsa e a minha irritação não é apenas ideológica, um mero anti-acordismo. Acontece que escrevo em Moçambique. Em que 23 milhões de habitantes (mais do dobro dos portugueses, ainda que com muito menor taxa de alfabetização) não escrevem (ou escreveriam, se soubessem) com esta ortografia. E muito gostaria que os textos chegassem ao Brasil, vaidosa utopia, onde 200 millhões de habitantes (vinte vezes os habitantes de Portugal, com uma taxa de alfabetização ligeiramente menor do que a dos portugueses) não escrevem (ou escreveriam) com esta ortografia. E também gostaria que alguns deles fossem lidos em Angola, outra vã vaidade, onde 18 milhões de habitantes (quase o dobro dos portugueses, ainda que com uma menor taxa de alfabetização) não escrevem (ou escreveriam) com esta ortografia. Ou seja, esta alteração unilateral é não só um desrespeito como um total absurdo, que a monstruosa corporação informática (tem nome?) pratica.

 

Claro que no fundo está toda esta patacoada ortográfica. Essa mesmo que a semana passada os deputados portugueses tornaram a reenviar para as calendas gregas. Demonstrando que estão todos os partidos (porventura com algumas excepções individuais dos seus membros) ainda mergulhados nesta deriva patética, o vagido colonial do delirante sonho da comunidade homoortográfica, unisentimental. Dos ainda representantes dos "espoliados do ultramar" até aos lusotropicalistas do bloco de esquerda: nenhum deles se libertou do "contra os bretões marchar, marchar".

 

O meu problema, a minha irritação, não é a mudança no corrector ortográfico. Nem a maldita ortografia. O meu problema é que "a minha pátria [não] é a língua portuguesa". A minha pátria é Portugal. E estou farto de tantos imbecis (orto-imbecis, pan-imbecis) que por lá pululam. Os que podem decidir politicamente. E, pior, os que neles vão votando. Ao longo das décadas em que vivem. E não se pode exterminá-los.

publicado às 16:37

 

 

 

"Ficámos aleijados a escrever em português" diz Maria Alzira Seixo sobre o Acordo Ortográfico em artigo no Público [Língua Portuguesa: a hora da esperança]. Importantes declarações até porque o malfadado Acordo Ortográfico volta agora a ser discutido: Tal medida, impensadamente aprovada em 2008, que desfigura a fisionomia do Português, vai ser reexaminada na Assembleia da República no próximo dia 28, graças a mais uma Petição de cidadãos que pretendem desvincular-se do Acordo Ortográfico, recebida por este órgão de soberania."

 

A oposição ao AO90 é transversal à sociedade portuguesa, e não pode ser atribuída a qualquer acantonamento ideológico ou à preguiçosa renitência em adoptar a nova grafia. Disso exemplo são recentíssimos textos sobre a questão, enquadrando-a muito bem e, em particular, refutando os delírios nacionaleiros que, em tempos, poluíram a luta anti-AO90. Um texto do escritor Mário de Carvalho, "Fervedouro dos desacertos e desconcórdias" é mais do que recomendável. Tal como um pequeno texto de Rui Vieira Nery (infelizmente só colocado no seu mural de facebook, e o facebook não é sítio para se escrever, nem que seja por razões estéticas ...). Ali, Vieira Nery, lembra algo que é fundamental: "Centrar o debate acerca do Acordo (Anti-)Ortográfico na questão de uma suposta submissão de Portugal à norma brasileira é iludir a verdadeira questão em causa. O Acordo não substitui a norma portuguesa pela brasileira, substitui-as a ambas por uma norma que não corresponde a nenhum dos usos legítimos da Língua em qualquer dos países lusófonos, sejam eles Portugal, o Brasil, ou qualquer dos PALOPs."

 

Recentemente José Pacheco Pereira escreveu um bom texto sobre o assunto, colocando-o no seu verdadeiro âmbito, o político, "Acabar já com este erro ...". Diz, e muito bem: "O acordo ortográfico é uma decisão política e como tal deve ser tratado. Não é uma decisão técnica sobre a melhor forma de escrever português, não é uma adaptação da língua escrita à língua falada, não é uma melhoria que alguém exigisse do português escrito, não é um instrumento de cultura e criação. É um acto político falhado na área da política externa ...". E lembra que "Ninguém que saiba escrever em português o quer usar, e é por isso que quase todos os escritores de relevo da língua portuguesa, sejam nacionais, brasileiros, angolanos ou moçambicanos, e muitas das principais personalidades que têm intervenção pública por via da escrita, se recusam a usá-lo. As notas de pé de página de jornais explicando que, “por vontade do autor”, não se aplicam ao seu texto as regras da nova ortografia são um bom atestado de como a escrita “viva” se recusa a usar o acordo. E escritores, pensadores, cronistas, jornalistas e outros recusam-no com uma veemência na negação que devia obrigar a pensar e reconsiderar.". Será importante aduzir a esta argumentação que muitos do que o utilizam o fazem por obrigação, por ausência de autonomia no seu exercício profissional (como tantos dos professores de português que não são "acordistas" mas que têm que ensinar a nova grafia) ou de estatuto profissional (como tantos jornalistas que não possuem a prerrogativa exercida pelos cronistas convidados, que se recusam à nova grafia).

 

Significativo de que esta crescente contestação generalizada, militante e argumentativa, tem ocupado espaço e obrigando à reconsideração do pobre sonho homógrafo, é o facto de Adriano Moreira, anterior defensor do Acordo, veio agora alterar a sua posição. Dizendo o tantas vezes repetido por outros: "Adriano Moreira defende que a língua portuguesa não precisa de um acordo ortográfico. O professor universitário considera que, tal como o inglês, o francês e o espanhol, os países falantes de português não precisam de um tratado."

 

Ao longo dos anos também aqu no ma-schamba se têm colocado (e reproduzido) textos sobre o Acordo Ortográfico. Não vou agora repetir o que penso sobre tal deriva, saída de núcleos intelectuais já então algo serôdios. No lado português enfrentando o "luto colonial" português (numa mescla do velho republicanismo colonial, então alimentando o partido socialista pós-25 de Abril, com o lusotropicalismo a la Estado Novo); no lado brasileiro herdeiro de uma luta contra o regime ditatorial local, desejando uma extroversão democratizadora, inserindo-se numa particular história intelectual daquele país, cuja peculiar (e anacrónica) retórica foi um dia deliciosamente abordada por Michel Cahen ("Des Caravelles pour le Futur?"). 

 

Pois não valerá a pena, agora, nas vésperas de uma possível reconsideração parlamentar em Portugal sobre este pobre episódio da história diplomática e intelectual portuguesa do final de XX, fazer uma análise histórica do episódio. Vale a pena, sim, o esforço de regressar à "primeira forma", ao pré-AO90.

 

Aqui em Moçambique será de considerar toda esta polémica, a recusa ortográfica e conceptual que as elites intelectuais brasileiras e portuguesas têm feito a esta manobra política. Já para não falar na polémica que, de quando em vez, surge em Angola sobre esta questão. Antes de assumir, com todos os custos, económicos e humanos, o AO90 será de entender se todos estes plurais opositores estarão enganados ou se não haverá alguma ponderação nestas posições.

 

E, desejavelmente, refutar a trapalhada ortográfica. E o pus ideológico que esta transporta.

publicado às 01:49

No Feedly (2)

por jpt, em 26.01.14

 

- "Balada da Emigração: para o meu pai", no Domadora de Camalães

 

- Um excelente texto: "Cinco mitos em torno das praxes", no A Terceira Noite.

 

- Idem: "A abjecção das praxes", de José Pacheco Pereira no "Público".

 

- "O tempura, o mores", de Rui Rocha no Delito de Opinião, é uma verdadeira delícia.

 

- Sobre a trapalhada do AO90 fica "O acordo ortográfico que veio simplificar a escrita", de Luís Aguiar-Conraria no A Destreza das Dúvidas.

publicado às 19:33


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