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O Partido Socialista de António José Seguro ganhou, como se esperava e como todos sabem, as eleições pr'á Europa. A compreensível alegria pelo feito levou Francisco Assis a um estado de euforia que só o líder acompanhou, ultrapassando-o até na demonstração do contentamento. Visto na televisão o espectáculo do dueto do Altis, em que só faltou ao par vencedor dançar o "Vira" para entreter a plateia, com um discurso de Seguro que soava a pré-escrito para outro resultado, ou seja, preparado para uma natural e estrondosa vitória que teimou em não se confirmar sobre a tão famigerada como estafada coligação de direita, a Aliança Portugal, que deixasse o Governo a pão e água, uma coisa parecida com o que se passou com o antigo ídolo e grande campeão do socialismo do nosso pobre Tozé e do imortal Mário Soares, o fracatível Sr. Hollande, que acabou a levar na pá da Le Pen sem apelo nem agravo, deixando a França ( e a Europa) em estado político-cataléptico. Ao mesmo tempo que Seguro expandia a sua alegria e debitava disparates fechado em si próprio e Assis dava trabalho às suas glândulas sudoríparas como habitual, iam-se sabendo os resultados e não parecia que a tal vitória fosse, afinal, de tal modo esmagadora que levasse o cândido Tozé ainda com o tacho ao lume, a reclamar uma maioria absoluta nas legislativas do ano que vem, sem sequer olhar para a gigantesca abstenção da paróquia, o recorde de votos brancos e nulos, o fenómeno Marinho Pinto ultrapassando o desfeito BE da surfista Marisa e nem dando confiança ao partido do meio da esquerda, o Livre do esquecido Tavares, ou o que se ia conhecendo dos resultados europeus, que se diriam preocupantes. De notar que uma vitória expressiva nem seria uma habilidade por aí além, dado o que a Aliança Portugal (PPD-PSD/CDS-PP ou melhor, PSD-PP...) tem feito "pelo" País nos últimos três anos, gerindo uma herança miserável  - que seria bom não esquecer, já agora! - mas estabelecendo prioridades a mando ou voluntárias com terrível indiferença pelos resultados na pele, na vida, de grande parte dos portugueses, a que consegue juntar uma ineficácia notável que pode sem grande dificuldade confundir-se com incompetência ou falta de vontade, sendo ambas miseráveis, e em muitos dos casos a quase estagnação, sobretudo, naquilo que se diz essencial, a reforma do estado e a  dieta nas gorduras do dito como a que o cabeça-de-lista Rangel fez com tão nítidos e bons resultados.  Enfim, nestas coisas já se sabe, os nervos apoderam-se de um gajo, dizem-se coisas que são coisas que se dizem (antigo provérbio árabe), e no que toca a Seguro, esperar mais do que ele pode dar é pedir a um cão que suba a uma árvore. Situações em que a ansiedade e a pressão aumentam e que podem acontecer a qualquer momento a todos nós, podem levar a desvarios variados e mesmo a ejaculações precoces, o que espero sinceramente, não ter sido o caso, mas convém que em cargos de responsabilidade extrema, as pernas não tremam, a voz se não embargue, os sentimentos não embotem a necessidade da acção rápida, eficaz e ponderada.  

De qualquer modo, mesmo o PS tendo ganho a corrida para Bruxelas, foi para alguns sectores do partido como se tivesse perdido e eis que com a luz verde que Mário Soares acendeu  quando disse que aquilo foi uma vitória pírrica, reaparece de imediato como eventual desafiante à liderança, o António Costa. Soares, macaco velho, sabe-a toda e com a alusão ao rei Pirro revelou indirectamente a todos os interessados o que sempre soube: Seguro não fará o PS voltar aos tempos áureos e dando o sinal, logo Costa se chegaria à posição de partida. Um pequeno detalhe que me entristeceu bastamente foi o momento escolhido por Costa para o anúncio do seu sacríficio pela Pátria: António Costa estava como presidente da CML inaugurando um monumento que homenageia a vida e obra de Maria José Nogueira Pinto, quando não se conteve e declarou a sua disponibilidade para outros vôos. Na minha terra chama-se falta de respeito e de decoro, mas deve tratar-se de uma questão geográfica.
Voltando à vaca fria, que é como quem diz, a António José Seguro, dele não se ouviu dizer que fosse um cinéfilo inveterado mas certamente tem conhecimento de uma ou duas fitas clássicas. Uma delas, deve estar agora a atordoar-lhe a existência, sobretudo se a sua imaginação lhe pregar uma partida, e é nestas alturas de intranquilidade que as partidas acontecem, que as surpresas saltam do breu, que os abraços podem apertar, por amizade e carinho, o papo aos mais desprevenidos, que mãos supostamente amigas podem esconder instrumentos que interrompam a circulação sanguínea para além de estragar a mais cuidada e elegante camursina. Se Seguro viu Psycho, mesmo que não tenha entendido o enredo, sabe que a partir de agora não pode tomar um duche retemperador e merecido porque por detrás da cortina pode vir um facalhão empunhado por algum seu correlegionário. Seguro, inseguro, pode ser levado a voar na tal imaginação e a prever um remake do filme do velho Alfredo, uma versão ainda mais aterradora, num género ainda por explorar cinematograficamente, o thriller musical. Uma história leve e alegre como o poeta que o apoia ou apoiava, com uma carga de "suspense", um vai-não vai, um mata-não mata prolongado e com um fim dramático: No fundo, um psico-drama musicado em que ele personificaria Marion Crane, substituindo Janet Leigh com enorme desvantagem para os espectadores, enquanto um outro Anthony que não  o Perkins, interpretaria na perfeição o faquista Norman Bates numa produção à Bollywood.
Será que Tozé se enfia na banheira ou deixa a higiene de lado?
Aqui fica, como refresco da memória, um trecho do filme original de 1960:

publicado às 20:46
modificado por jpt a 11/7/14 às 04:43


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