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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
Ontem inaugurada a Casa-Museu Eugénio Lemos, sita ali à Machava na actual residência da sua família. Nela fica exposto o acervo de obras do artista que está em posse familiar. Ainda por definir, mas esperando-se que tal será para breve, está o sistema de acesso, calendário e horário, bem como a programação da casa-museu e seu conjunto de actividades.
Aqui nascido em 1930 Eugénio Lemos brotou enquanto artista na segunda metade da década de 50, no seio de uma geração artística local (a primeira aqui gerada) formada no Núcleo de Arte, bem se articulando nas modificações sociológicas, estéticas e até políticas ocorridas no Núcleo na viragem da década, e que impregnaram algumas secções da sua geração (bem como a seu irmão Virgílio de Lemos). Posteriormente este discreto artista (dizem-mo assim) veio a ser director do Museu Nacional de Arte entre 1983 e 1989. Sobre a sua biografia poderá ser lido o texto "Eugénio de Lemos. A Geometria de uma Vida entre Cores e Formas", da autoria de Jorge Dias e Alda Costa, que está incluído no catálogo da nova Casa-Museu - e que poderia estar disponível, é também para isso que existem blogs: especializados ou não.
Sobre o artista aqui transcrevo parte do texto "Transparência Eugeniana", escrito em 1996, por ocasião de uma homenagem póstuma realizada no Centro de Estudos Brasileiros:
"De pequeno achei-o grande tal que em grande era gigante, e fomos crescendo nesta ordem de ideias.Mais tarde me custava dizer Mestre ao Eugénio, porque tanta avidez de aprender conhecera eu em escassos viventes, e fogosamente aclamado pela sensatez constantemente sublinhava: "Ensina-me novas técnicas". Lembro-me que eu era um investimento também dele, afirmava como sendo importante diferença entre o mestrado e o autodidacta. (...) Não disputava lugares de primeiro abstracto, achava estéril este levantamento. (...) Numa das ocasiões diversas em que havia algo por decidir Eugénio já me dizia: Bento, é melhor pintares. Não era não, para forjar em mim vontades supérfluas no futuro e terminar idolatrando-o. Era um ser amigo! (...)" (Bento Carlos Mukeswane)
O mural de Bento Mukezwane e Ciro Pereira (1998) no campus da UEM escavacado para se instalar um ar condicionado. Não é só um mural. É o único que Bento pintou, antes do estúpido cancro o matar tão novo. Para um ar condicionado?