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Politeísmo (60): som do rei

por jpt, em 17.08.13

publicado às 17:00

O trambolhão

por jpt, em 21.05.10

Como diz Ramalho Eanes, a crise agora é pior do que a do início dos anos 1980s (até porque não vem aí a CEE para nos içar a um futuro desenvolvido). Convém recordar que Ramalho Eanes, por muitos defeitos que possa ter, é um homem probo e foi o único que tentou verdadeiramente quebrar a partidocracia: chamaram-lhe Péron (a propósito de quê?) e ficaram com os Craxi e os Andreotti de trazer por casa. O buraco em que está o país faz-me lembrar a célebre palavra de ordem que cobriu Portugal nos 70s, acima reproduzida.

Sim, os "ricos" que paguem a crise. Um "ricos" que é palavra muito discutível. Julgo recordar que o ABM aqui disse, um dia, que não há ricos em Portugal. Pois para mim é exactamente o contrário, são todos "ricos". Acoplados à Europa rica, aburguesando-se em "compras" e "direitos" (os adquiridos, como se "direitos" não fossem relações, e como tal sempre contextuais), uma riqueza assente na exclusão, desindustrialização, miserabilização de milhares de milhões de indivíduos (antes o Terceiro Mundo, depois os países em vias de desenvolvimento, depois os "tigres", agora os "emergentes"). Acabou, primeiro para desespero da esquerda reaccionária europeia (e da pungente portuguesa), essa tralha infecta da alterglobalização e das causas fracturantes. Agora para aflição do centro-direita sorna, liberaleiro no discurso, comunitário ao extremo no reaccionarismo social. Os "russos" vêm aí? Já chegaram, e vão ficar.

Mas não basta assim. Reparo que na internet portuguesa imensos reproduzem o José Afonso

Certo, nem todos são "ricos". Os ricos (aka classe média, a que vota) foram elegendo uma cleptocracia que os deixava ter enormes chopings centres (os maiores da península, depois os maiores da europa) e que lhes transformou os poligrupos em gold cards. Correu mal, como só podia ter corrido. Comeram os restos, lautos diga-se, e os outros, aqueles a quem entregaram o poder "comeram tudo". Num Portugal enredado nas teias de um inenarrável partido socialista (ou narrável, que matérias não faltam dada a desvergonha dos executores e a imoralidade dos apoiantes - bloguistas ou não), o mainstream à sua direita continua igual, assobiando para o lado. Faria de Oliveira, administrador do banco público, antigo ministro, aparelhista crucial do modelo vigente, tem a indecência de avisar agora que os portugueses têm de mudar "radicalmente" de vida. Têm? Ou tinham? Há quanto tempo isso é óbvio, há quantos anos isso é óbvio? Serve um míope destes para administrar os recursos sociais? Ou deve ele mudar radicalmente de vida? Paulo Portas, o homem dos submarinos trilionários, tem a desfaçatez de relançar neste exacto momento a suspeita sobre o rendimento mínimo, aparentemente uma coisa normal, a necessidade de fiscalizar os serviços estatais. Mas na prática uma cortina de fumo, uma mensagem óbvia, a de que "os pobres (mandriões, ainda por cima) que paguem a crise". Enquanto o governo, se é que é mesmo isso, esfrega-se incorentemente em declarações de mais impostos recessivos, falhada que está a sua agenda esbanjadora. Que serve(ia) os interesses camaradas, é tempo de nos deixarmos de pruridos.

Um trambolhão enorme, anunciadíssimo, no desinvestimento de décadas, no aburguesamento de décadas, na mafiazição de décadas. E continua este poder, este arco nada íris, de Portas a Portas para simplificar. E os cidadãos, os mais inconformados, continuam na mesma, desactualizados, distraídos. A fazerem tocar este "Vampiros". É inútil, o José Afonso está ultrapassadíssimo. Pois "eles" já "comeram tudo". "Nós" já "comemos tudo".

Cantar algo? "Navegar é preciso ..."

Não vejo outra coisa. Por culpa vossa, por ignorância vossa. E minha. Maldição.

jpt

 

publicado às 13:44


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