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O não-voto não é secreto

por mvf, em 02.10.15

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 Tinha um texto que nem me parecia completamente estúpido sobre estas eleições, a campanha para promover os competidores, uma espécie de análise quase tão maçadora como as dos profissionais do comentário e tão indiferente como um cão a aliviar a bexiga numa árvore ali no fim da rua. Apaguei o relambório e faço antes uma declaração de não-voto: Não voto PS sobretudo pelo belo desempenho do seu líder António Costa desde o vou-não-vou a jogo aquando da saída de Sócrates ( não da prisão mas sim de secretário-geral da agremiação sediada ao Rato ), passando no esfaqueamento ao pobre Tozé Seguro, reparando na promessa felizmente não cumprida de se manter presidente da Câmara Municipal de Lisboa até ao final do mandato deixando um desconhecido imberbe alisboetado a tomar conta da esburacada cidade, e lembrando todas as hesitações, contorcionismos e ziguezagues que afanosamente nos mostrou entre promessas feitas que sabe não poder cumprir e outras que garante não poder fazer porque justamente não saber se as poderá cumprir. Seguir esta linha com os tropeções na sua novilíngua atabalhoada - precaridade, competividade ou sumarinos, são alguns exemplos dos seus dotes oratórios - não é tarefa para um humilde e ignorante como eu. Tem sido pelo menos assim que muitos socialistas têm tratado todos os que não os escolhem para renovar o que deixaram quase pronto em 2011, ou seja, a bancarrota. Bem podem apregoar que a culpa foi da crise internacional e do diabo a quatro mas a malta tem um resíduo de inteligência onde se encaixa outro tanto de memória e a tanga não pega. Ao menos reconheçam que se espalharam e ajudaram a dar cabo do pobre país, caraças. Ficava-lhes bem uma pitada daquilo a que se chama auto-crítica e nomear os co-responsáveis. Por outro lado também se percebe que Costa não o possa fazer enquanto candidato a chefe do governo pois foi ministro de Sócrates e seu nº2 na hierarquia do partido.

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 Depois juntam-se a Costa que não os enxota e até escolhe alguns deles, muitos dos filosocráticos - a começar pelo tal Medina, passando pelo inenarrável Lello, alinhando nesta fileira o Varoufakis versão Zara Homem, ou seja uma versão pobrezinha do grego se isto é possível, um que se julga irreverente e frontal mas não passa de um proto-malcriado, o Galamba, e mais e mais e mais até acabar num dos homens mais feios de que há memória desde que o mundo é mundo e disso, pelo menos, está isento de culpa, o inefável Ferro Rodrigues, a quem António Costa pagando amizades antigas deu o lugar de líder parlamentar que utilizou frouxa e ineficazmente. Diz Costa sem se rir que é a renovação e prova-o sem margem para dúvida ao escolher para mandatário da campanha o  avançado septuagenário António Arnaut referido ad nauseam como o"pai do Serviço Nacional de Saúde" ficando por saber seria a putativa mãe. Arre que enjoa. Depois há um pressentir da eventual derrota sem disso ter a mais leve noção quando diz que votará o Orçamento Geral do Estado, qualquer que pudesse ser, que a PáF - que raio de nome que os gajos do PSD e doCDS arranjaram para a coligação... - apresentasse. Ora se isso se a PàF apresentasse o OGE era porque Costa não tinha ganho aquilo a que se propôs quando esfaqueou o antecessor. Depois há as questões das alianças à esquerda com o PC e/ou com o BE mas isso é toda uma outra loiça. Talvez decorativa das Caldas (da  Rainha).

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 Enfim, isto é um desabafo que acabou longo e do qual me penitencio, pedindo desculpa. Mas, não sendo sectário, não estando encostado a nenhuma estrutura partidária (gostei de poder dizer isto uma vez na vida!), não esperando prebendas ou favores, continuo indeciso quanto ao sentido do meu irrelevante voto mas sei quem não o apanha. Ná, o homem não é de confiança.

publicado às 21:32


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