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"…cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio…" (R. Nassar)
(Carlo Cipolla, As Máquinas do Tempo, Lisboa, Edições 70, 1992, pp. 9-10)
"A estagnação tecnológica da Antiguidade Clássica deve ser entendida sob a óptica da visão peculiar que a sociedade clássica teve da aventura humana e do papel nela desempenhado pelo engenho humano e pelas tecnologias que este produzia. Mitos e histórias convergem na denúncia do predomínio de uma posição mental de ambivalência duvidosa e desconfiada. O progresso técnico era encarado como trazendo vantagens materiais mais ou menos dúbias mas, ao mesmo tempo, como fonte possível de perturbações perigosas dos equilíbrios políticos, sociais e naturais existentes. Podia ser um bem mas facilmente se podia revelar também um mal. Como justamente escreveu Gian Antonio Gilli "se hoje consideramos a técnica como um vector essencial da Sociedade e do progresso, que é impossível não ter em conta e ao qual é mesmo necessário adaptar todos os outros elementos da Sociedade - a posição dos Gregos foi antes a de uma utilização das technai defensiva em relação às próprias technai: um uso feito de precauções, de limitações e, muitas vezes, de hostilidade declarada, não diminuídas nem mesmo frente ao apertado controlo social exercido sobre os portadores de techne". E ainda: "A singular duplicidade inerente à sua (dos Gregos) atitude (incluía) um uso relutante, isto é acompanhado de precauções, limitações e hostilidade". O que se traduzia num "desfavor social em relação aos portadores de techne, fenómeno que caracterizava visivelmente a Antiguidade Clássica".