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Do vigor do aborto ortográfico

por mvf, em 14.05.15

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Com a entrada em vigor da imbecilidade, perdão do Acordo Ortográfico, o que acima se vê* seria impossível, uma ilegalidade. Falo, obviamente, do "pára" que hoje se escreveria obrigatoriamente "para". Quanto ao resto é toda uma outra conversa se bem que "Ninguém Para Portugal" pudesse ser uma boa alternativa.

 

* fotografia que fiz na noite de eleições legislativas de 1987 

publicado às 16:23

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 O Exmo Senhor Presidente da República aplaudido efusivamente pela Exma Senhora Ministra da Agricultura ( e mais coisas) durante a visita à Noruega, propõe uma nova forma de cozinhar o fiel amigo a acrescentar a outras receitas clássicas como "à Zé do Pipo", "à Braz", "à Gomes de Sá", "à Narcisa" ou ainda "à Minhota" ou "à Margarida da Praça"

O "Bacalhau à Nosferatu de Boliqueime" deve servir-se como a vingança e como o próprio criador: frio e seco, terminando sempre o lauto repasto com um inusitado por extemporâneo bolo-rei.

*foto de Cotrim/ Lusa

 

publicado às 09:48

Dancemo-lo

por jpt, em 05.12.13

 

Hugh Masekela e The Specials em canções que percorreram o mundo cantando a urgência da libertação de Mandela e dos sul-africanos. 

 

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publicado às 23:27

publicado às 15:50

Boliqueime e o resto

por jpt, em 16.11.04

O previsível regresso de Cavaco Silva à política de imediato convocou a desvalorização das suas origens sociais e familiares. Ainda a procissão (eleitoral) vai no adro e já um evidente elitismo polvilha os blogs de invectivas a “Boliqueime”, em pobres ironias enfarruscadas de sarcasmos.

A coerência é um direito, nunca um dever. Aliás, o verdadeiro dever é a incoerência, pois o todo circundante impede-nos o certinho bem balizado. Ainda assim algo me espanta nesta soberba, tão à flor da pele das gentes que muito se afirmam de “esquerda”.

Sei que esses dichotes não se restringem a isso. Pois, como arma de arremesso político, “Boliqueime” é um avatar de “Santa Comba”. Tornada então um tópico de fracos intelectos, prisioneiros desta paupérrima analogia, num balbuciado aludir a que o Portugal actual é tal e qual o recanto dickensiano de antanho. É esse remoinho analógico que dá vida a este preconceituoso marxismo que vai vigorando no rincão.

Há ainda um outro factor que alimenta essa ladainha, tão arrivista. Cavaco Silva é afirmado como inculto, argumento assente na auto-suficiência dos locutores, como se essa seja verdadeira autoridade: anunciam o filho do gasolineiro de Boliqueime como desprovido da cultura certa, e assim por isso mesmo salazarento. É interessante notar como esta tão usual invectiva transporta uma inculta noção do que é a cultura “correcta”: aquele que, por exemplo,  confunde a escala de Richter com a de Mercali quanto muito recebe-se um sorriso complacente e suave explicação. Mas se disser que Pedro Gilles foi amigo de Thomas Mann é dito um imbecil, e apupado na rua. E é tão interessante ver como a recorrente crítica ao reducionismo economicista casa tão bem, e com tanto afinco, com tamanho outro reducionismo, de máscara humanista.

Dir-se-á que são factores diversos na formação individual, dimensões algo diferentes do saber, tendo diferentes efeitos no conteúdo do exercício da cidadania, em especial num político. Há algum fundamento nisso, mas a cegueira face a estes preconceitos muito diz da superficialidade analítica das vozes críticas. (E, mesmo assim, afianço que se desejo que um político do meu país esteja atento aos devaneios utópico-totalitários, também dele espero que assuma as necessidades da construção anti-sísmica).

Sobre esta propalada “incultura” de Cavaco Silva, siamesa da rusticidade da sua origem, como é publicitado pelos esquerdistas, consulto as minhas memórias. Há alguns anos ele visitou Moçambique, então convidado para um seminário sobre a introdução do Euro. Proferiu uma conferência na Universidade Eduardo Mondlane, sobre a integração europeia. Nunca aqui assisti a um momento tão concorrido, gente sentada no estrado, nos degraus do anfiteatro, no chão, em pé apinhando-se até aos corredores. Mas para além de concorrida a apresentação foi absolutamente luminosa. Lembro bem a quantidade de moçambicanos, nada cavaquistas pois predominando o escol intelectual vinculado ao frelimismo, que me vieram saudar apenas por ser compatriota do orador, e mesmo explicitando a sua surpresa pela dimensão patenteada.

Se tivesse falado de Monet, Baudelaire, Saint-Saens ou Broca sei lá, seria dito um homem de Cultura. Para usar a triste metáfora que por aí anda, seria um homem que tinha ascendido de Boliqueime. Como falou, e tão bem, de Monnet e de relações internacionais é apenas um homem de Boliqueime.

E isto diz tudo sobre estes paupérrimos críticos.

 

publicado às 21:58


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