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Escrever História

por jpt, em 07.03.05

"Escrever a história não é nem conhecer veridicamente, nem compreender o passado; é pô-lo em ordem"

(Charles-Olivier Carbonell, Historiografia, 39)

publicado às 15:11

Sobre o Pensamento Árabe

por jpt, em 07.03.05

"É que a história árabe não preocupa com o colmatar das lacunas nem com a resolução das inevitáveis contradições entre as fontes. Justapõe os episódios sem ligação, numa ordem cronológica rigorosa...Esta estrutura não resulta unicamente duma preguiça do compilador; releva de uma atitude filosófica largamente expandida entre os intelectuais muçulmanos, o atomismo ocasionalista que casava o pensamento de Epicuro com a concepção muçulmana de Deus, Vontade pura e arbitrária. “Segundo este sistema o mundo, constituído por um conjunto de átomos isolados, não dura nem subsiste senão pela vontade de Deus, único agente; não existem causas segundas, encadeamento causal, nem lei natural, mas unicamente hábitos." (D. Sourdel, L’Islam).

[Charles-Olivier Carbonell, Historiografia, 59]

publicado às 14:32

Sobre a história chinesa

por jpt, em 07.03.05

(Um pequeno livrinho muito discutível, manualesco. Mas talvez ajudando o pensar)

"A explicação causal não é por conseguinte nem profunda nem extensa...Se durante dois mil anos a historiografia chinesa quase não ultrapassou o nível do discurso cronológico, analítico, foi porque o confucionismo tinha fixado os espíritos numa atitude exageradamente reverente para com as obras antigas, o Chu King e os Che Ki, por exemplo. Foi também porque os chineses não tiveram do tempo a mesma representação que os povos mediterrânicos. Ignoraram a cronologia contínua em que, a partir duma data originária, se podem medir as durações nos dois sentidos. Utilizaram uma cronologia compartimentada em pequenos receptáculos cada vez menores: período dinástico, reinado, nien hao (quatro anos e meio), ano, estação, etc. Com efeito os Chineses tiveram do tempo, como do espaço, uma visão concreta e analítica, filha duma escrita rebelde à abstracção...consequências de uma tal visão são nefastas: dificuldade de localizar exactamente no passado e portanto obstinação em fazê-lo, impossibilidade de estabelecer as ligações causais através de divisões cronométricas, rejeição de uma perspectiva linear em proveito de ciclos representativos...

Escrever a história não é nem conhecer veridicamente, nem compreender o passado; é pô-lo em ordem.

(Charles-Olivier Carbonell, Historiografia, 39)

publicado às 14:30


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